quinta-feira, janeiro 22, 2015

Que motivos?





Num recente artigo de jornal, li uma referência a uma mulher que, no papel de esposa e enquanto participante num seminário para casais, respondeu à pergunta “O seu marido fá-la feliz?” desta forma (resposta parcial, dada em jeito expressivo e inquieto): “O meu marido nunca me fez feliz e não me faz feliz! Eu sou feliz e isso não depende dele e sim de mim”.
Desejamos viver de satisfações momentâneas e sofrimento contínuo ou de prazeres continuados e dores momentâneas? Genericamente, o nosso bem-estar está interligado ao prazer e, consequentemente, aos motivos que escolhemos para trilhar o caminho que se nos afigura mais coerente com aquilo que, na realidade somos. As diferenças entre aquilo que, na realidade, somos, o que os outros nos dizem sermos e aquilo que desejaríamos ser, remete-nos para um intrincado jogo de imagens e sombras. Contudo, mesmo percorrendo os atalhos pelos quais nos entretemos a deambular, uma coisa é certa. É escusado tentarmos fugir daquilo que na realidade somos, pois nós próprios andaremos sempre na nossa companhia!
Mas, afinal, tal como a mencionada esposa anunciou a quem a quisesse ouvir, como saber das nossas Motivações? A construção da própria palavra nos ajuda. MOTIVO + ACÇÃO. Quais são os seus Motivos para fazer aquilo que faz? Há 2 tipos de motivadores: positivos e negativos. Os primeiros conduzem-nos ao desejo, às situações de prazer; os segundos à dor e ao sofrimento. De realçar que, de nada adianta, procurarmos noutro lugar o que julgamos não encontrar em nós.
Foi com base neste pressuposto que A. Maslow criou o seu modelo piramidal, no qual evidencia a famosa “Hierarquia das Necessidades”. Os degraus inferiores devem ser observados e contemplados antes dos seus superiores, sob pena de a desejada harmonia não ser alcançada. Por exemplo, o equilíbrio “social” não acontecerá se os padrões de “segurança” (regras, lei) não forem uma realidade. Esta realidade tem impacto no colectivo, mas antes é o indivíduo que sente esse desajustamento e que o repercute na sociedade. Contudo, deve-se realçar que suprir o que é básico não é suficiente, mas tão só convenientemente aconselhável. 

                                   sem nome                

Aqui chegados, todos desejamos enveredar pelo encontro com os motivadores positivos. Saber o que se quer, mas também o que não se quer, pode ajudar.
Por outro lado, também nos podemos deparar, de vez em quando, com os motivadores negativos que se subdividem em passivos e activos. Os passivos são aqueles que nos impedem de sentir um motivador positivo; os activos acontecem quando algo gera desconforto ou desagrado. Por exemplo, a remuneração que recebemos até pode ser interessante, mas se não há significado no que fazemos ou não somos reconhecidos, esse benefício dilui-se; ou quando alguém tem de lidar frequentemente com a incerteza profissional, pode pretender ambicionar constância pessoal. Os motivadores negativos têm origem na escassez ou ausência dos motivadores positivos. Caso a sua manutenção subsista por inacção ou desinteresse, o mais certo é alcançarmos o conformismo da estagnação e, com ela, a desmotivação.
Imaginemos que temos 2 contentores. Um que queremos encher de prazer; outro que desejamos, a todo o custo, sentir esvaziado de sofrimento. Capitalize o 1º e descapitalize o 2º. Mas de quê? Qual a sua prioridade: pertença, mudança, progresso, interacção, estímulo, condições físicas, independência, reconhecimento, contribuição, generosidade, riqueza, prosperidade? A escolha é sua, tal como a esposa que, no início do texto, chamou a si essa responsabilidade.