sábado, setembro 22, 2012

Receber/dar ordens

Todos já nos debatemos com esta questão. Habituámo-nos a recebê-las praticamente a partir do momento em que, sem orientações e num afã descobridor, pretendíamos explorar o mundo. Quem não ouviu um sonoro: “não faças isso!”; “já te disse para não mexeres!”. No fim de contas, como é possível perceber o que nos rodeia se não nos abalançarmos à sua exploração? É assim que nos começam a chamar à atenção, de uma forma mais ou menos assertiva, sobre o comportamento que temos.
Depois, inicia-se um percurso académico em que tudo está feito por medida, como se todos nós tivéssemos tido as mesmas origens. Obviamente, o processo de ensino tem êxito relativo se não houver um suporte educacional que compreenda que cada um de nós é um “modelo exclusivo”. Raras são as excepções à reacção inconsciente de lutar e/ou fugir, tal como o mundo animal reage aos estímulos externos quando ameaçado.
Numa fase adolescente, começamos a equacionar como melhor estratégia aquilo que nos foi passado em testemunho, ou seja, pensar que os “outros” nos obedecem por imposição pessoal e tendo como fundamento nuclear a nossa razão. Na sequência deste trajecto, a imitação cognitiva do que nos foi ensinado e transmitido, na maior parte das vezes, revela-se como o motor da generalidade das acções pessoais sem que nos apercebamos dos seus impactos e consequências. É aqui que surgem os conflitos!
Dar ordens não compromete, não respeita, não aparta e não cativa o outro. Tudo o que é feito é reflexo de uma obrigação ou imposição. O valor acrescentado (excepção feita ao imposto cujo nome também integra esta designação) é praticamente nulo. Os resultados reflectem o mínimo possível e exigido. Dar ordens revela-se uma barreira intimidatória ou provocatória para quem as recebe e induz uma necessidade imperativa para quem as origina.
O todo é diferente e superior à simples soma aritmética dos indivíduos. Há que recorrer à inovação, à criatividade, à experiência de cada um. Mas, mais que isso, é importante perceber que cada de um nós tem recursos indissociáveis e específicos que, se potenciados, nos podem catapultar para acontecimentos espantosos. Como? Tendo em consideração competências e capacidades pessoais, na certeza que promovendo estes factores a auto confiança se torna um alicerce nuclear para o êxito individual e, por acumulado, objectivos colectivos de monta.
Ao atendermos que as valências e os interesses alheios são tão importantes quanto os nossos, estamos muito certamente a informar os outros que depositamos neles confiança para que possamos alcançar conjuntamente resultados comuns e satisfação colectiva.
É imperioso compreender a perspectiva dos outros para, da melhor forma, poder corresponder aos seus anseios. O comportamento dos que nos circundam é tão válido quanto o nosso e, de certeza, corresponde aos seus desejos.
Gosta de ter razão? E de dar ordens? Se sim, como se sente?