quarta-feira, dezembro 31, 2014

Ser ou não Ser, eis a questão!











Quem, em diversas e determinadas situações, já não foi tomado pela necessidade de ser perfeccionista? Pois eu já! Talvez até, sejam raras as situações em que durante o dia, por um ou outro motivo, não “colidamos” com o querer ser perfeccionista! Aliás, se bem aprendi com alguns contratempos, pude compreender que, para meu gáudio ou para minha tristeza, a perfeição não existe. Passo a explicar. Não que não tenham a capacidade de perceber, mas antes porque poderei não ter sido suficientemente esclarecedor. Ora aqui está um exemplo de uma atitude, porventura, perfeccionista? Ou não? É tudo uma questão de perspectiva. São raras as vezes em que não há mais do que 2 probabilidades de interpretação e percepção dos acontecimentos. No entanto, não raras vezes, temos tendência, perante as outras pessoas, a revelar e a enfatizar um protagonismo por aquilo que pensamos, sentimos, dizemos e fazemos. Em alguns casos até pode roçar o fanatismo! Depende daquilo que se trata. Se acontece consigo, por que será?   

Muitas vezes, os filhos mais velhos são alvo deste “desejo”. Começam por ser uma ou um menino cheia de graça; depois os níveis de perfeccionismo dos pais são transmitidos à filha/o em diversos parâmetros: independentemente de serem correspondidos os intuitos, a intenção é expressa nas habituais exigências dos deveres académicos reflectidas em notas exemplares, na compostura perante os outros e mais numas determinadas situações do que noutras, na higiene e por aí adiante. Na maior parte das circunstâncias, há que ser um espelho daquilo que é correcto, como se não houvesse uma 2ª via, quanto mais uma 3ª! E estes paradigmas continuam pela vida adulta e serão aplicados como que por contágio.

Ainda recentemente ouvi um testemunho de alguém que, após um workshop de Coaching, anunciava, algo incomodada, que, somente depois de uma chamada de atenção alheia, se tinha apercebido que automática e diariamente telefonava a uma familiar próxima. Segundo a própria, uma significativa quantidade das conversas tinha pouca substância, mas sobrepunha-se a “obrigação” ao genuíno interesse de quem tinha o dever de corresponder. Isto já durava há 5 anos! Este exemplo para relatar que, nem sempre, o perfeccionismo é auto-imposto. Não é em todas as circunstâncias que intentamos redigir o melhor texto como se fosse viável ter acesso, numa específica e determinada altura, a todas as palavras que naquele momento podem ser as mais impactantes; elaborar um plano de trabalho que, desde a primeira hora até à derradeira, não careça de ser modificado; ter a preocupação de limpar o pó a toda a hora e a todo o instante. 

É possível alcançar a perfeição, quando o nosso próprio estado de espírito não se repete, já para não falar no que nos rodeia? A mudança, quer queiramos quer não, é um dado adquirido. Se não a aceitamos de bom grado, ela vem ter connosco como que por ricochete. Como não é aconselhável vivermos isolados, não há como escapar ao efeito borboleta, analisado por Edward Lorenz em 1963. Se não somos nós, alguém o fará por nós! E a nossa satisfação está intrinsecamente interligada com a possibilidade e/ou o privilégio que temos de controlar seja o que for.  
Em muitos casos, o perfeccionismo afecta a forma como comunicamos; por sua vez, cada um de nós comunica aquilo que, na maior parte das vezes, pensa e, consequentemente, age em conformidade. Neste sentido e para que conscientemente possamos retirar algum entulho da mochila que carregamos diariamente às costas, convidava-os a confirmarem se algumas das hipóteses que se seguem acontece:       
   
Ø  Reagir de uma forma decepcionante, subjectiva e crítica quando os outros não se regem exactamente pelos nossos padrões;
Ø  Para conseguir ganhar a aprovação alheia ou no medo que temos de que as pessoas nos achem desinteressantes ou pouco importantes, podemos comunicar de uma forma pouco assertiva e passiva;
Ø  Concordar com os outros quando, na realidade, não queremos;
Ø  Assumir tarefas quando preferíamos não as aceitar. A dificuldade clássica em não saber ou conseguir dizer “não”;
Ø  Reagir defensivamente quando nos sentimos criticados e tal se pode confundir com agressividade.

Porventura, algo carece de revisão. Preste atenção à sua conversa interior e focalize-se no que pode fazer para modificar alguma sensação menos positiva. A auto-estima e a auto-confiança são fundamentais neste processo de harmonia.