quarta-feira, setembro 10, 2014

Prática física










Todos nos levantamos da cama pelas mais variadas razões e em diferentes circunstâncias. Frequentemente não nos damos conta de que a motivação pessoal é mesmo individual, ou seja, é específica. Por este facto ser constatável, já prestou atenção ao que o seu corpo lhe diz no início de cada dia? Já lhe perguntou como se sente? Já se apercebeu que ele tem a capacidade de lhe transmitir informação que não deve desconsiderar?
Tal como quando nos cruzamos com muitas pessoas conhecidas e rotineiramente lhes perguntamos “como estás?” e a resposta também poucas vezes é pensada e sentida, assim tratamos do nosso corpo. É um conjunto de hábitos adquiridos que acaba por nos dispersar de algo que ninguém a não ser o próprio pode solucionar (caso se revele necessário). Podem até outras pessoas alertar-nos para algo que, na sua perspectiva, não está assim tão bem, mas lá está ela/ele! Mas nem sequer me estou a referir a qualquer tipo de doença. Refiro-me somente à actividade física que é benéfica para todos nós. Que se saiba e nas mais variadas vertentes, não há contratempos e/ou efeitos secundários nefastos desde que observados alguns cuidados e preceitos. Têm obviamente de ser tidos em consideração diversos factores para que as vantagens se façam sentir. Um dos fundamentais será certamente a pessoa conhecer-se a si própria.
Há tanta diversidade de actividades com tanta quantidade de variantes que é muito difícil cada um de nós não gostar de praticar exercício para seu próprio benefício. Sim, é bom para o próprio e para a generalidade daqueles que com ela/ele convivem ou se relacionam. E mais! O impacto não se faz sentir somente a nível físico. Já na antiguidade havia a noção de que mens sana corpore sano, razão pela qual, mesmo que queiramos, não nos é possível segmentar o nosso ser. Só por uma questão de sistematização e racionalização é que há a tendência para subdividir o corpo humano, mas, na realidade, é um todo, um puzzle que, quanto mais equilibrado estiver, melhor.   
Um estudo realizado num período de 3 meses com adultos sedentários revelou significativas melhorias no hipocampo que é o nosso mealheiro das memórias. Os exercícios resumiram-se a fazer actividade física aeróbica durante uma hora, 3 vezes por semana. Os aparelhos utilizados foram uma bicicleta estática e/ou passadeira, havendo um grupo de “atletas” e um outro de controlo. A actividade sanguínea foi controlada antes, durante e depois do treino através de exames de imagiologia. Foi constatado que houve “aumento de fluxo nas regiões chave da cognição” bem como todos os parâmetros cardiovasculares registaram melhorias importantes. E, na maior parte dos participantes os benefícios fizeram sentir-se num muito curto espaço de tempo, 3 semanas, permitindo aos adultos uma motivação extra para manter com mais regularidade a manutenção da actividade. A natureza aeróbica dos exercícios teve impacto nas funções executivas, na capacidade de visualização espacial e na velocidade de processamento de informação.
Como o consumo de medicamentos não tem reduzido, antes pelo contrário, um consórcio de investigação médica realizou um trabalho de análise e avaliação clinica a doentes que se têm socorrido de medicação para doenças cardíacas. A conclusão foi inequívoca. Uma percentagem muito elevada dos doentes tinha uma vida sedentária, sendo que, mesmo aqueles que não cumpriam as horas recomendadas de actividade física, reproduziam melhores resultados que os outros. Neste caso, 45% dos homens eram suficientemente activos e a percentagem de mulheres já só se situava nos 28%.     
Como não há como separar as 4 principais dimensões humanas, admitamos que quanto melhor for a sinergia entre elas mais satisfatório será o nosso bem-estar. Haja a motivação e a determinação para as harmonizar, sendo que o exemplo supra é somente um exemplo da interligação que o físico tem com o mental, mas as vantagens podem ser bem mais alargadas noutras vertentes. Será melhor despender 3 horas semanais a promover a saúde física, mental e emocional e beneficiar com as vantagens que tal decisão pode ter nas interacções diárias e no sentido individual de missão ou optar por se penalizar financeiramente e muito mais quando, por qualquer necessidade, tem de recorrer a medicamentos?   
Já reparou que o que está em causa é equivalente a 1.79% do tempo que corresponde a uma semana? Será que a sua saúde não vale esse compromisso? O ser humano deseja que a recompensa surja o mais rápida possível. A paciência é algo que deve ser treinada e adquirida como uma ferramenta para alcançar objectivos. Sendo que o dispêndio de energia que acontece na actividade física aparenta um só sentido e é imediato, as compensações obtidas são bem mais compensadoras ao nível do descanso, dos relacionamentos pessoais, da destreza diária e do positivo estado de espírito que se começa a instalar.    
Faça por se inundar de endorfinas e revitalizar o seu modo de vida. Todos ganham, a começar por si! Se continuar a fazer o que fez até agora os resultados não se alterarão. É isso que quer?