quinta-feira, dezembro 15, 2011

Boas Festas.....

http://www.youtube.com/watch?v=I0y_Zm1Y6Fo&feature=related


“Ninguém pode transcender o que não conhece. Para se ir além de si próprio é preciso o auto-conhecimento” - Sri Nasargadatta Maharaj

Entendi por bem repercutir a mensagem de um consagrado filósofo e pensador indiano do século passado. Isto porque, para além das questões económico financeiras, também me parece existirem outras igualmente relevantes sem as quais as anteriormente reveladas provavelmente não se solucionarão. Refiro-me às questões sociais, ambientais, climatéricas, institucionais, individuais, governamentais. Poderão afirmar que estão todas interligadas e efectivamente estão. Tal como não nos podemos centrar tão só e apenas nas questões somáticas, mentais, emocionais sem atentarmos nas espirituais ou vice-versa. Daí a razão de ser da palavra Universo!
https://mail.google.com/mail/images/cleardot.gif
Talvez seja este distanciamento cultural que tanto interesse tem despertado novos comportamentos e atitudes ocidentais por estas abordagens orientais. Penso que num passado recente não se terão ouvido e procurado tantas panaceias e/ou conhecimento sobre o tão distante longínquo "novo mundo". Que semelhanças entre os objectivos propostos, à época, por Vasco da Gama e seus correligionários e os movimentos empresariais e pessoais que, nos dias de hoje, vamos, nas mais variadas circunstâncias, ouvindo falar?

Este texto surge propositadamente no final de mais um ano e numa época que por natureza é dedicada à família. É, por norma, mais propícia do que outras para realizar balanços do passado recente. De facto, estas datas mais celebrativas revelam-me a forma mais acentuada como o ser humano interage com o factor tempo, ou seja, como, entre muitas outras coisas, porque há mais propósito no dealbar do ano e do mês de Dezembro em ressurgir temas como solidariedade, amor ao próximo, resolução de conflitos, gratidão, ecologia, etc? E como está o seu amor-próprio?
Fazendo de conta que o meu alter-ego é o de um australiano meio maluco que veio à Nazaré para “cavalgar” uma onda de mais ou menos 30 metros, deixo-vos algumas perguntas para que reflictam e celebrem com alegria e felicidade as ideias que retirarem da vossa introspecção:
- O que de mais significativo aprendeu nos últimos 12 meses?
- O que de mais relevante realizou em 2011? Como o atingiu?
- Está em harmonia nas suas relações interpessoais?
- Qual o seu maior talento?
- O que a/o distingue?
- Se se tivesse de caracterizar como um “produto” como o descreveria?
- Reflicta sobre uma coisa que pode parar de fazer, começar a fazer ou fazer de maneira diferente a partir de hoje e que melhorará a qualidade da sua vida?
- O que pensam os seus amigos de si?
- O que mais a/o preocupa?
- Considera-se uma pessoa rígida ou flexível? E o que pensam os outros?
- O que mais a/o atrai em si? E nos outros?
- Imagine-se no papel de entrevistador/a? Que perguntas faria a si própria/o? 

Atreva-se a colocar a “sua” questão!  


Nota final - ah, o corrector ortográfico não me deixa escrever segundo o novo acordo. Será que também ele está indignado? Boas Festas, oh, oh, oh!         

quinta-feira, dezembro 01, 2011

O “Não” positivo!


Estava sentado junto a uma mesa com diversos parceiros de convívio. Uns familiares, outros conhecidos e algumas presenças de primeiro contacto. O motivo do prazenteiro evento tinha tido origem numa já algo longínqua marcação de almoço. A conversa desenrolava-se normalmente, quando alguém entendeu pronunciar-se sobre o que pensava sobre outra pessoa que não estava presente. Dirigindo-se especificamente a uma outra participante, aquele alguém fez a sua “avaliação” comportamental, tecendo alguns comentários menos abonatórios e fazendo, inclusive, certas ameaças, caso os desenvolvimentos futuros não se coadunassem com as expectativas de quem proferia o discurso. Na base do diálogo estava a relação de duas pessoas, não familiares, mas que derivado às vicissitudes da vida e que, em alguns momentos, tinham de cruzar os seus destinos. Havia terceiros com quem mantinham, uma delas, laços familiares e, a outra, contactos de maior intimidade.  
Sendo óbvio que a personificação não acrescenta valor ao texto, importa referir que, para o caso, se nos relembrarmos do nosso dia a dia este tipo de acontecimentos é relativamente frequente nos relacionamentos familiares, profissionais e na roda de amigos. Neste contexto e mais vezes do que certamente se desejaria, a conflitualidade surge.Com os outros e menos connosco próprios, talvez por estarmos menos atentos e porque é sempre mais fácil responsabilizar outrém.
Mas ao escutar a palavra conflito, a maioria das pessoas tem uma imediata tendência a afastar-se daquilo que com ele esteja interligado. Um pouco à semelhança do que se passa com o erro! O simples soletrar a palavra causa sensações desagradáveis a nível orgânico. Experimente qualificar a representação mental de um qualquer conflito que, numa primeira instância lhe ocorra? Que dimensão lhe associa, que cor tem, com que intensidade zurze, em que zona somática reage, que sonoridade alberga? Concluída a experiência, há ou não uma sensação incómoda só de relembrar o facto?
Mas as coisas não têm de se passar necessariamente desta forma. A conotação negativa que se dá ao conflito tem origem no facto de se considerar que, intrínseca e necessariamente, a envolvente tem de ser considerada como um duelo de ideias, convicções ou decisões. Na realidade, este pressuposto é uma falácia. O ser humano tem, entre outros, dois hábitos inconscientemente enraizados: fazer juízos de valor e assumir que o mapa é o território. Estas condicionantes conduzem-nos a uma indisponibilidade individual para aceitarmos as perspectivas alheias. Consequentemente, o outro lado da moeda não é equacionado, perdendo-se assim, a vertente positiva que qualquer conflito insere. Decorre simplesmente das noções de que quanto mais informação for considerada e que a opinião e/ou a convicção dos outros é tão válida quanto a nossa, estas poderão contribuir decisivamente para que a harmonia seja mantida e que melhores decisões sejam tomadas.   
Há que saber gerir, por isso, a tendência habitual de afirmação pessoal em detrimento de uma pesquisa activa dos pareceres e de uma audição atenta dos outros. Este comportamento contribuirá certamente para, tal como conhecemos a noite e o dia, tal como há maré baixa e alta, também todos nós temos virtudes que nem sempre se proporcionou serem reveladas. Talvez por isso, algumas vezes, tenhamos a ousadia de afirmar: “não estava nada à espera dessa atitude da tua parte!”. Para o bem e para o mal. Na realidade, é revelador da forma como tentamos condicionar o que nos rodeia. Apesar das estatísticas demonstrarem que o ser humano formula uma imagem mental de todos com quem se relaciona num espaço temporal de apenas 4 minutos. Se, por natureza, somos complexos é plausível aceitarmos como boa informação a processada em tão pouco tempo? 

Boa semana e, parafraseando o Sr. Raul Solnado, façam o favor de ser felizes!        

quinta-feira, novembro 17, 2011

O que nos move?


Decidi partilhar convosco 2 excertos de artigos que podem exemplificar 2 distintas formas de abordarmos a vida. Talvez extremas, talvez só para alguns, talvez exemplares, mas certamente disponíveis para qualquer um de nós, desde que seja essa a nossa decisão. Os factos estão aí!
Então vamos lá ao que vos proponho:

Os longos cabelos cor de sol, os olhos azuis de céu esplendoroso, entre os tons rosados da face grave e pura como um mármore grego, a nobre elegância, suavidade e sensualidade tornavam Danielle Chiese uma doce fragrância nos círculos da alta finança e no centro das atenções como uma princesa cobiçada num reino de cortesãos.
Danielle sabia-o e tirava vantagem, com mestria, da sua sexualidade no ultra competitivo meio masculino dos edge funds do Wall Street. Deste modo, teve affairs com vários executivos, nomeadamente com Robert Moffatt, CEO da IBM, de quem obteve importantes informações confidenciais que lhe permitiram ganhar vários milhões de dólares na praça financeira de Manhattan. “Excita-me espremê-los e obter informações confidenciais dos corporate insiders”, afirmou Danielle.
Todavia, ela era apenas um bom soldado numa sofisticada organização tentacular de milhares de informadores liderada por Raj Rajaratnam, CEO da trading Galleon, que diligentemente recolhiam informações secretas em cumplicidade com altos executivos das mais importantes instituições bancárias, empresas e experts da indústria financeira.
Em resultado de uma das maiores investigações desenvolvidas pelo FBI, o Federal District Court em Manhattan, condenou Danielle e Rajaratnam, bem como grande parte dos membros deste inside trading network por fraude e conspiração financeira.
De acordo com Anil Kumar, trader da McKinseye, agora sob custódia das autoridades americanas: “era impossível resistir à oferta $500,000 de Rajaratnam para lhe providenciar inside information”.
Muito embora esta possa parecer uma história incomum, a verdade é que o Sr. Rajaratnam não é muito diferente de milhares de traders e information networks que orbitam e manipulam, em seu benefício, os mercados financeiros de todo o mundo, sendo que a maior parte nem sequer é investigada e muito menos descoberta. As pessoas estão revoltadas. Por conseguinte, um grupo denominado Onmay12.org, constituído por uma coligação de anónimos, estudantes universitários, académicos e grupos progressistas, catalisados pelos cortes sociais implementados pelo presidente da Câmara de Nova Iorque, Michael Bloomberg, manifestaram a sua indignação numa semana de concentrações de protesto em frente à sede do Goldman Sachs, em frente à sede do Bank of América e frente a Wall Street, exigindo aos banqueiros milionários que paguem os prejuízos causados. Em Portugal, a crise, consequência das decisões gananciosas de alguns banqueiros, não foi diferente. Assim, os responsáveis pela “brilhante” gestão de algumas instituições (tornadas insolventes), depois de terem recebido indemnizações que fariam corar os cleptocratas africanos, mordomias dignas de príncipes e reformas douradas, passeiam-se despudoradamente como se nada se tivesse passado.”

Professor e investigador, Universidade do Texas – EUA/Universidade Nova de Lisboa - Domingos Ferreira

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“No passado sábado, durante a Gala anual de entrega de diplomas dos mestrados executivos da minha Escola, tivemos um momento inspirador para todos.
Não se tratou de uma notícia sobre ‘rankings' ou outra distinção mediática, mas um testemunho na primeira pessoa que encarna valores que tanto procuramos disseminar, os de que o esforço, a motivação e o talento podem quebrar barreiras aparentemente intransponíveis. Ouvimos o Miguel Monteiro contar a sua história. Em 1998 era um bom aluno da licenciatura em gestão do ISCTE quando um trágico acidente na praia o tornou tetraplégico sem qualquer mobilidade. Na sequência do acidente, uma operação que correu mal tirou-lhe também a visão e a dependência que durante algum tempo teve da máquina de ventilação toldou-lhe a voz.
Anos mais tarde, com a saúde mais estabilizada, o Miguel começou a dizer aos pais que queria terminar a sua licenciatura que, entretanto, com a introdução do novo plano de estudos de Bolonha, lhe ficaria a faltar uma cadeira, a de Fiscalidade. Os pais interrogaram-se quanto à utilidade do esforço e sobretudo quanto à amplitude do mesmo, fazer a cadeira sem poder escrever ou ver. Os pedidos do Miguel subiram de tom e insistência e os pais lá acabaram por o ir matricular e depois levá-lo às aulas. Ao Miguel, custou-lhe no início o regresso à Escola, o confronto das suas limitações com a vida dos demais colegas. Citando-o, recusou-se a desistir antes de sequer tentar. Entre os pais, irmão e amigos montou um esquema de estudo assente na intensa repetição oral, esticando a memória a novos limites, absorvendo lenta mas seguramente as matérias ensinadas. Passou a visualizar mentalmente declarações de impostos, correcções à matéria colectável, casos especiais, ao mesmo tempo que repetição após repetição de leituras que lhe iam fazendo, com pausas para reflexão, começava também a navegar agilmente na legislação fiscal.
No final do semestre o seu docente de fiscalidade espantado com a fluidez de conhecimento e capacidade quis que a nota a atribuir não fosse emotivamente enviesada, pelo que o exame, necessariamente oral, foi feito por todos os docentes da cadeira. O Miguel obteve 18 valores e terminou, aos 34 anos, a sua licenciatura.
Nas suas palavras, se o mundo dá muitas voltas, ele tratou de aprender a girar. Encontrou um foco e redescobriu uma motivação, canalizando a sua energia e vontade para aquele objectivo. Ainda nas suas palavras, o acidente levara-lhe demasiadas coisas boas e ele não estava na disposição que lhe levasse mais nada. Mudou e adaptou-se. O Miguel, concluiu no fim, dizendo que tinha encontrado um caminho, o de transmitir a quem o queira ouvir, o que aprendeu e descobriu sobre mudança e motivação.
No final da sua intervenção, a sentida ovação de pé que o milhar de pessoas presente na sala lhe fez era, creio eu, uma forma simples e reconhecida de lhe agradecer, mais do que uma lição de vida, um sinal sábio de que se relativizarmos as nossas dificuldades e perdas, teremos uma perspectiva mais positiva e combativa sobre o nosso futuro.
António Gomes Mota, Professor na ISCTE

Agora que acabou, o que lhe ocorre, assim de repente? O que sente? Haverá, na maior parte dos casos e em primeira instância, uma reacção inconsciente ou uma acção consciente? Se perguntassem sobre se, em primeiro lugar, tinha dado conta de uma reacção física ou antes uma atitude pensativa, o que responderia? Como se sentia antes de ler e como se sente agora?
Outras perguntas poderiam ser equacionadas, mas talvez estas já possam indiciar o que somos e o que podemos ser! O comportamento individual faz a diferença mas, inexoravelmente, não é conveniente menosprezar a relevância que o meio ambiente representa. A unidade contribuirá para a harmonia.
A vida continua e vai continuar a girar. Até breve!      

quarta-feira, novembro 02, 2011

FIB

http://www.youtube.com/watch?v=ppgpwXl9R7A&feature=related

O que é afinal o FIB? Já todos provavelmente ouviram falar do PIB, agora FIB!?

Coincidência ou não, este conceito surgiu na mesma década em que um dos personagens que é tido como um dos mais conhecidos precursores do Coaching, refiro-me a Tim Gallowey, surgiu a difundir a importância de nos vermos “ao espelho”. Assumia ele que o maior inimigo dos compromissos pessoais era o nosso interior, o medo de nos avaliarmos, o desvendar as “máscaras” pessoais.    
Pois foi num pequeno reino que geograficamente se encontra “encravado” entre a China e a Índia, que surgiu em 1972, por iniciativa do seu monarca, o conceito de Felicidade Interna Bruta. Apercebendo-se que as condições naturais do país de apenas 700 mil habitantes não eram as mais afortunadas, decidiu preocupar-se com o verdadeiro bem-estar da população. Em vez de se centrar nos problemas, focou-se nas oportunidades. Sendo uma zona com tradições de valores budistas bem vincadas, foi com satisfação que o povo recebeu a iniciativa.
Assim, hoje em dia o Butão não é famoso pelos seus feitos económicos, por representar uma pujante indústria, mas antes por ser um exemplo a ponderar sobre o que pode significar ser “mais feliz”.
Antes de haver um percurso colectivo na procura do bem-estar, foi necessário estabelecer parâmetros individuais, sabendo de antemão que o sentimento pretendido ao contrário de ser permanente e uniforme, é antes volátil e inconstante. Foi com base em conceitos genéricos que, ao longo dos anos, se foram tornando cada vez mais sólidos e exemplo de referência internacional.  

Esta dinâmica sustentou-se em 4 pilares fundamentais: promoção do desenvolvimento sustentável, preservação e divulgação dos valores culturais, conservação do ambiente natural e estabelecimento de boa governação.
No mundo ocidental há alguns séculos que os princípios dos outrora filósofos gregos estão esquecidos. Apesar de porventura, certos sectores societários, parecerem, agora e aos poucos, pretender ressuscitá-los, os ensinamentos desta matéria são, em geral, considerados de segundo plano, mas nas comunidades orientais passa-se exactamente o contrário. Talvez por isso, aquilo que para o Velho Continente está a apresentar-se como um verdadeiro drama, coloca-se como mais um desafio para os países cuja filosofia de vida não se restringe ao PIB. A concentração total e sistematicamente permanente na medição da quantidade de comércio e transacções realizadas pelos países como forma de aferir a qualidade de vida dos cidadãos vai ter de obrigatoriamente mudar. Por isso, atentemos, sem descurar o bem-estar económico, nas restantes opções de bem-estar concretizadas através de medições métricas estatísticas:

  • Ambiental – ex.: poluição, ruído, tráfego;
  • Físico – ex.: doença, exercício;
  • Mental – ex.: uso de antidepressivos, número de doentes de psicoterapia;
  • Profissional – ex.: mudança de emprego, reclamações no local de trabalho, processos;
  • Social – ex.: discriminação, segurança, taxas de divórcio, processos de família, queixas sobre conflitos, taxas de crime, acções civis;
  • Político – ex.: qualidade da democracia, liberdade individual, conflitos com países estrangeiros.       

O impacto destas medidas foi tal que, hoje em dia, em várias universidades norte americanas se desenvolvem modelos de FIB e/ou escalas subjectivas de bem-estar que viabilizam a comparação de nações com base nestes fundamentos.

Como em todas as circunstâncias e esta não é excepção, há críticos das propostas ou das iniciativas avançadas. No entanto, não é propósito deste texto expor ou questionar a ratificação nacional ou internacional da métrica utilizada ou da exequibilidade dos preceitos, mas tão somente reforçar ideias transformadoras e positivas.      

E você, que chegou até aqui, o que precisa para Ser feliz? Questione-se!

segunda-feira, outubro 17, 2011

Qual deles prefere?



Como não bastasse, não é Job, é Jobs, no plural. Até parece que está a ironizar com a situação actual. Mas não só numa determinada região! É a nível global.
Tal qual o impacto dos seus estímulos e da sua influência foram sentidos.
Steve Jobs foi um “visionário”, um “empreendedor”, aquilo que o quisermos apelidar, mas tal como qualquer ser humano não seria perfeito ou isento de defeitos. Tendo como certo que a perfeição não existe e, como tal, é uma mera perda de tempo tentar atingi-la ou considerá-la, tudo aconteceu, em primeiro lugar porque as suas ideias não se limitaram a isso mesmo, ou seja, a não passar a fase do insight. Pode isto significar que pode haver uma enorme diferença entre quando alguém ou alguma instituição nos revela a sua visão e a sua concretização?
De uma forma genérica, presumo que o que notabilizou esta referência humana actual foi o facto de um conjunto de qualidades se sobrepor de forma inapelável e inigualável aos eventuais prenúncios menos positivos que a sua personalidade revelaria, pelo simples facto de ser um humanóide. E mais uma vez, uma onda gigantesca de gente só se apercebeu da sua importância após o seu desaparecimento físico, ou seja, enquanto o reconhecimento e a gratidão poderiam dar origem a uma bem intencionada relevância participativa, pouco aconteceu, depois vem a quase glorificação. Que motivos suportam este tipo de comportamento? Os outros só merecem consideração e respeito quando já não os podemos abraçar?

Mas teremos nós referências lusitanas que nos possam servir de farol nestes tempos tão conturbados? Claro que sim! Apesar de sermos um país com inferior base de recrutamento, há nomes sonantes nos mais variados quadrantes e ao longo dos quase 869 anos de história (impressionante!).
Aquele que me surge sempre como figura de proa que pode concentrar um elevado número de características pessoais que poderia ombrear com qualquer dos colossos mundiais é o Infante 
D. Henrique. Posso imaginar com a certeza de não conseguir percepcionar o que seria há 500/600 anos empreender tão gigantescas jornadas de Descobrimentos em que o recrutamento de pessoas, a avaliação de competências, a elaboração de projectos, a definição de estratégias, a determinação de objectivos, a assumpção de compromissos e tantos outros planos necessários para a efectiva concretização de realizações que tiveram tanto de assustador como provavelmente de fantástico, mas que apesar de alguns reveses que terão certamente existido, nunca funcionaram como fio divisório entre as pretensões, as motivações e os resultados substantivos.
Sem ter conhecimento objectivo, atrever-me-ia a afirmar que o Portugal dessa época seria geograficamente, mais coisa, menos coisa, o mesmo que hoje. Com menos habitantes. Com menos informação. Com menor instrução.
Será que o digníssimo Infante obteve ajuda do estado? O que lhe permitiu que, à época fosse considerado descobridor de metade do mundo? Que impacto teve o seu espírito nas gerações futuras? Que recursos utilizou? Que competências o distinguiram? Quais as suas principais características pessoais? Como encarou as adversidades? Que critérios utilizou no recrutamento humano?
Permitam-me uma convicção final. Certamente teríamos muito a aprender com este nosso ilustre antepassado, mas a que relevo é a sua imprescindível auto-estima. O seu amor-próprio. E você, o que realçaria? E como se pode revelar em Si este espírito de Infante? Qual a sua referência predilecta?

sexta-feira, setembro 30, 2011

Ajuda…


I´lost”. Foi ou é o nome de uma série televisiva que pode, de uma forma menos literal, traduzir uma interpretação do título deste excerto.
A palavra ajuda tem, mais do que menos vezes, uma conotação negativa, por vezes até na fronteira da desconfiança e do descrédito. Outras, parece que custa ser soletrada! Como que, atrás do seu significado, houvesse algo que nos impele à retracção.
A interpretação pessoal é diferente da que habitualmente é transmitida.
Se, por um lado, nos encontramos em situações de dificuldade de sobrevivência física em que poderá estar em causa a manutenção enquanto terrenos, é vulgar que solicitemos, com relativa facilidade, auxílio. Uma qualquer lesão, um incómodo mais ou menos permanente.
No entanto, as coisas mudam totalmente de figura quando estamos perante circunstâncias em que, no âmbito mental, somos “interceptados” por emoções e, subsequentemente, por sentimentos menos positivos. Aí, sim, a tal abertura para denunciar a dor invisível como que se desvanece. A disponibilidade que existe em certas e determinadas alturas, como que por magia, se transforma em comportamentos de nenhuma ou muito pouca necessidade. Quando questionadas sobre os motivos, as pessoas são rápidas: porque não! (como se fosse uma resposta absolutamente conclusiva), porque não me apercebo de que haja algo menos positivo na minha vida (o peso, a focalização nos problemas alheios, a pouca vontade para atingir objectivos, etc.), com o meu status quo o que diriam? (como que essa fórmula crie um qualquer escudo invisível) e por aí adiante.
Podemos ouvir as mais recônditas justificações. Objectivo pretendido: simular. Resultado real: prejudicar.
Desde a mais tenra idade que os petizes são educados para não chorarem. É próprio das meninas e é uma demonstração de fragilidade, fraqueza. Os homens crescem com a convicção de que não se pode ou deve chorar. As raparigas podem, mas às escondidas!
Assim, não é recomendável chorar, contrariando o próprio organismo que está preparado para isso mesmo como forma de auto-gestão. E nós, humanos, duvidando desse benefício, praticamo-lo em últimas circunstâncias, isto quando o fazemos. Na fase adulta, qual o homem que chora descomprometidamente em frente aos filhos? E a mulher que numa fase menos boa da vida (sim porque a felicidade existe, mas não é permanente) evita a todo o transe demonstrar as suas emoções?
E isto acontece quer na vida profissional, quer no percurso familiar. E quanto maior responsabilidade intrínseca é reconhecida pelo própria/o, maior é a resistência.

No entanto, quem estiver atento apercebe-se de que alguém precisa de ajuda, nem que seja na procura de harmonia pessoal ou na tentativa de obter o equilíbrio que lhe permita continuar, de uma forma mais confortável, o seu percurso. Isto passa-se com toda a gente! Mas o evitamento é um tipo de comportamento assaz corrente nas relações humanas. Quantos de vós se lembram de um ou mais exemplos em que colocada uma questão, lançado um desafio, um pedido de esclarecimento os interlocutores exclamam: “agora não!”, “fica para uma próxima vez!” ou, mais eloquentemente, “não quero falar mais!”. Isto é com os outros. E connosco? Aceitamos os nossos sentimentos, temos cuidado com os sinais que o corpo nos dá, diligenciamos na real procura do nosso bem-estar?
Não nos podemos esquecer que somos organicamente interactivos e sociais.
O pedir ajuda é uma forma de inteligência, compreendendo que não se é totalmente auto-suficiente e que é um acto de honestidade e integridade pessoais.
Ao solicitar ajuda, terapia, reorientação estou a anunciar que sou corajosa/o e que me quero comprometer a melhorar os meus actuais níveis de auto-estima, pois se tal acontecer serei eu a/o 1º a beneficiar com este acontecimento e, como que por contágio, os que me rodeiam terão muito maior prazer em estar comigo e tentarão que este facto aconteça mais vezes.  
Mas atenção! Há casos em que o mal-estar nos empurra para os entes/amigos mais próximos com pedidos pouco conscientes e de reduzido compromisso. Aqueles que no seu espírito mais altruísta se disponibilizam a dar o seu melhor são, por vezes, surpreendidos com comportamentos em que parece que os papéis se inverteram, ou seja, os interessados numa solução desejam-na, mas sob determinadas condicionantes (que raramente são do seu agrado quando alternativas lhe são avançadas) ou perante especificidades em que o alcançar o objectivo pretendido não depende totalmente de quem pede ajuda, mas principalmente de quem a proporciona.         
Quem se sente plena e conscientemente harmonioso na interacção mente-corpo ou vice-versa? E com os outros?

Até breve. 

sábado, setembro 24, 2011

Cada moeda tem 2 faces. Porquê escolher a menos positiva?

 
Foi a leitura do poema infra, recebido através do gentil envio de uma mensagem, que me fez expor o que penso e sinto sobre o tema.

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
Mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'
.É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

(Fernando Pessoa)

Numa primeira fase, o Coaching foi uma curiosidade e um enigma. Curiosidade semelhante à de uma criança que, no início do seu processo de aprendizagem, mexe e toca em tudo o que lhe aparece à frente ou lhe causa estranheza. Enigma equivalente ao comportamento que temos quando desconcertamos algo para nos apercebermos como funciona. Por vezes sobram peças e, tristes, concluímos que, o que estava a funcionar, deixou de acontecer. Ou seja, que observamos a sua “alma” mas não percebemos o que se passa no interior da aparência externa a que, por vezes, damos uma desmesurada importância. Há uma tendência de catalogar e dimensionar. O ego necessita de julgar!      
A formação, a experiência, a partilha, a auto-aprendizagem, o diálogo e muitos outros eventos fizeram parte da pesquisa sobre esses meandros e, pouco a pouco, fui-me apercebendo que a complexidade humana é um aliciante desafio, mas, simultaneamente, um objecto extremamente enriquecedorao mesmo tempo, inibidor. Por outras palavras, compreender os comportamentos humanos revela-se fascinante, mas também se torna difícil pela muita resistência que empregamos a ver-nos “ao espelho” e pela força que empregamos quando nos pedem que deixemos cair as nossas “máscaras”.
No fim de contas, minamos a possibilidade de nos compreendermos e, como consequência, de nos apercebermos onde está a origem de um certo e determinado incómodo ou dor. É uma questão de justiça para com o nosso corpo! Ele só quer ajudar-nos na nossa sobrevivência. E qual a nossa reacção?    
A tendência é, mais vezes do que seria recomendável, culpabilizar alguém ou responsabilizar terceiros. A título de exemplo e hoje mais do que nunca, bastará ler ou ouvir os comentários sobre a actual situação do país, como se a situação não tivesse sido um processo gradual e cumulativo e em que pouco adianta procurar bodes expiatórios.
O passado não tem alteração. A mudança só existe no provir.
O mesmo se passa com o ser humano! O magistral poema é muito mais explícito que algo que possa escrever. Por isso, sugiro. Tal como só agora penso ter compreendido a profundidade da máxima “Conhece-te a ti próprio”, atrevo-me a dirigir-lhe esse repto. Faça o mesmo e veja a transformação…    

quarta-feira, setembro 14, 2011

Dois bigos!?


Ao longo da nossa “viagem” todos aprendemos, ou melhor dizendo, é bom que estejamos disponíveis para aprender. Na realidade, foi essa conclusão que levou a que o filósofo Sócrates, (cuidado com as imitações!) alguns anos a. C., a proferir a famosa frase: “só sei que nada sei”. Fê-lo já numa fase adiantada de vida, pois terá sido a experiência acumulada que terá possibilitado chegar a essa conclusão.
Como foi o que me aconteceu há alguns dias, não resisto a contar uma pequena história passada com uma criança de 6 anos. Então, a certa altura da conversa, a mãe da referida criança, sorrindo, informava que a filha, pura e simplesmente, não conseguia dizer dois umbigos e dizia dois bigos. Penso que não será preciso adicionar mais nada a esta pequena (tal como prometi) dissertação. Até o próprio corretor do dicionário do Word acusa como incorrecta a expressão “bigos”!!
O que me leva a relatar tal episódio?
Por norma, a generalidade das crianças aceita confiantemente e sem qualquer réstia de crítica (leia-se dúvida, curiosidade) positiva que o que os parentes mais próximos, professores e amigos lhe dizem não é alvo de alteração e/ou interpretação diferenciada. Se estas pessoas, principalmente os pais, as apoiam, como duvidar que o que pretendem é o seu bem? A confiança é plena, mas há alturas que as suas dúvidas surgem, causadas por algum desconforto. Quantas vezes preferem colocar-se a si próprias em causa? Este tipo de percepção acaba, mais vezes do que imaginamos, por ter repercussões enquanto adolescentes e mesmo adultos. Condicionam-nos!     
Há uma diferença, não tão reduzida como à primeira vista se possa pensar, entre a aceitação inconsciente e a aceitação consciente. Aquela é a que nos suporta em acontecimentos como o aprender a andar, o aprender a falar, o aprender a tactear.
A pura sensação de descoberta!
Já a 2ª tem impactos directos na compreensão de nós próprios e, consequentemente,  no mundo que nos rodeia e no nosso bem-estar. Inclusive, no amor-próprio.
É esta diferenciação de atitudes que nos permitirá, como seres humanos, sabermos e sermos felizes. É através deste nosso recurso, que nos diferencia de muitos outros géneros de vida, que temos a possibilidade de escolher, optar e decidir. Por algum motivo, ao longo de milhares de milhões de anos a escala da evolução natural se transformou e foi dinamizando o cérebro do homo sapiens.    
Como estou grato e satisfeito por uma criança de 6 anos me ter dado este exemplo de como utilizar os nossos recursos e fazer acreditar que as apelidadas “gerações rascas” só existem se estas crianças preferirem utilizar certos comportamentos em detrimento de outros. Por isso, uma significativa parte dos fenómenos depende da forma como os abordamos e não de intervenção alheia. O futuro está aí!
Seria ingrato se não o denunciasse, pois quem nos transmite conhecimento deve ser devidamente valorizado. Quem não gosta de ser reconhecido?
Ah, um pormenor, com 6 anos ainda não sabe ler todo este testemunho. Tenho de pedir à mãe Joana para guardar, do modo que melhor entender, esta singela redacção e a dar a conhecer à Inês quando ela for um pouco mais crescida. É bom que ela perceba que todos podemos e temos a aprender com quem nos cruzamos. Obrigado Inês! Este é o meu tributo.  

quinta-feira, setembro 01, 2011

Ajustamento de atitude


Agora que a maior parte dos portugueses já gozou o seu merecido período de férias mais longo, será a minha vez na 1ª quinzena do mês. Para além do descanso, algum lazer, a oportunidade de disponibilizar tempo de qualidade ao agregado familiar, repor algumas leituras em dia, rever amiga/os, revisitar locais e regiões que nos trazem agradáveis memórias, enfim, uma quase infindável panóplia de circunstâncias e possibilidades. E que tal darmos importância a nós próprios?
Por acaso pensou sobre esta questão? Se não formos os interessados nesta iniciativa, quem a promoverá?
No entanto e antes de iniciar a minha oportunidade de desfrutar, gostaria de Vos realçar um expressão com a qual me deparei e me fez reflectir. Exactamente a que decidi atribuir ao título deste texto. Quanto mais não seja porque se coaduna com a que optei por utilizar para “baptizar” este blog.
De facto, toda a nossa existência é sustentada em desafios. Uns mais difíceis, outros menos, não se pretendendo aqui escrutinar esta quantificação, pois a simples leitura de um livro que para mim pode ser um fenómeno perfeitamente banal, porque escolhi um tema que de sobremaneira me agrada, me proporcionará conhecimento, me possibilitará perscrutar uma visão diferente (a do autor) sobre um assunto pelo qual nutro interesse (ex.: fotografia), para outra pessoa, esta tarefa ou exercício pode apresentar-se como algo menos interessante, independentemente da análise que possamos realizar sobre eventuais benefícios.  
Isto passa-se, inconscientemente, mais vezes do que nos apercebemos no nosso dia-a-dia. Se questionados, quantas vezes e sem nos darmos conta, a reacção é, à primeira, negarmos. Alguns segundos de espera, caímos em nós e acabamos por, sozinhos, já com a ajuda da nossa virtuosa consciência, aceder e admitirmos que as coisas podiam ter corrido de forma diferente. Já com as outras pessoas, nem sempre essa admissibilidade se apresenta como muito pacífica.
Os nossos pensamentos, antes de conscientes, são inconscientes e, estes, se “desenfreados” só em casos extremos serão uma boa opção. Um pouco à semelhança como ter um comando de tv, em que pode ligar e desligar. Se ligar há opções para vários gostos: filmes, desenhos animados, humor, culinária, história, arte, etc.  
Já pensou em ajustar o seu comportamento tal como pode decidir que programas quer ver? Quais os critérios de escolha? E quantas vezes é necessário comprar tantos monitores quantos os elementos que constituem o agregado familiar para que não haja uma rebelião?  
Tendo como base que os nossos sentidos nos permitem aferir o mundo que nos rodeia, é precisamente através dessa leitura que percepcionamos e armazenamos representativamente os fenómenos e os acontecimentos com que nos confrontamos. É esta “formatação” que, por vezes, nos limita e nos bloqueia.
Mas todo o enredo é da sua autoria e foi você que escreveu o guião. Como em todos os filmes há versões. Porque não reescreve a sua?      

Nos casos em que se adequa, bom regresso. Aos que optaram, como eu, por um período um pouco mais tardio, votos de boas férias e, para todos, até breve.  

segunda-feira, agosto 15, 2011

Sabedoria


Num certo dia de Verão, Buda viajou de uma aldeia para outra e, pelo caminho, sentiu sede. Como já era idoso, pediu ao seu discípulo Ananda:
- Lamento mas terás de voltar atrás a uns 3 ou 4 kms daqui onde encontrarás um pequeno riacho. Tenho muita sede.
Ananda respondeu:
- Não tens de te lamentar. É com grande alegria que te sirvo. Sou eu que te agradeço, não precisas de me agradecer. Fica debaixo desta árvore para te protegeres do calor.
Ananda regressou. Ele sabia onde ficava o riacho pelo qual tinham passado. A água era límpida, como só acontece nos riachos de montanha. No entanto, quando Ananda se aproximou para tirar água, verificou que tinha passado por ali um carro de bois que deixara o ribeiro totalmente enlameado, ou seja, a lama que estava depositada no fundo tinha subido até à superfície e, com ela, folhas velhas e apodrecidas flutuavam.
Ananda voltou para junto de Buda e disse-lhe:
- Não pude trazer-te água, mas não te preocupes. A uns 6 kms daqui poderás descansar. Há um grande rio. Apesar de ser tarde, não vejo outra alternativa.
Buda retorquiu:
- Mas mesmo assim prefiro beber a água daquele riacho. Desperdiçaste tempo desnecessariamente. Deverias ter-me trazido daquela água.
- Mas – contrapôs Ananda – a água estava suja e lamacenta e folhas podres a flutuarem. Como é que eu podia trazer-te uma água em tal estado?
Buda insistiu:
- Vai e traz-me dessa água.
Relutante, Ananda regressou ao riacho. Quando chegou viu que as folhas já não flutuavam, pois tinham sido levadas pela corrente e apenas se viam vestígios de lama e de poeira que entretanto tinham assentado.
Ao ver como tudo tinha mudado, pensou que se tivesse esperado, a água cristalina teria reaparecido rapidamente. Assim fez. Esperou e pouco depois já tinha água límpida diante de si. Regressou para junto de Buda, a quem levou a água.

Esta curta história assemelha-se, mais vezes do que provavelmente pensamos, à nossa realidade e rotina. Uma muito elevada percentagem das nossas atitudes advêm de comportamentos inconscientes e de alguma precipitação. A gestão emocional torna-se importante, quer nos bons como nos menos bons momentos.
A nossa motivação está nas suas raízes e, por isso, se as entendermos (emoções) teremos ao dispor a possibilidade de optar pelos melhores caminhos que, consequentemente, nos guiarão aos resultados desejados. Dê atenção ao que o seu corpo lhe transmite, pois ele faz tudo para a/o ajudar!       

sexta-feira, julho 22, 2011

A nossa casa



Já se deu ao trabalho de observar a variedade de tipos de habitações que existem? Umas são casas, a que habitualmente chamamos vivendas, outras apartamentos, outras quadrados ou rectângulos de reduzidas dimensões e outras simples quartos. Umas maiores, outras menores em função de diversas condicionantes que nem sempre são de cariz financeiro. De qualquer modo é o gosto e a satisfação de cada um que, em alguns casos, acaba por determinar as suas características.
É no seu interior que passa uma significativa parte da sua existência, quanto mais não seja a dormir. Isto no pressuposto que, com muita frequência, prefere estar na parte exterior das quatro paredes, caso contrário é nesse mesmo local que, sensivelmente e no mínimo, 40% do seu tempo é dispendido nesse espaço. Como tal é absolutamente lógico que estes espaços reflictam muitos indicadores que intrisecamente estão relacionados com os utentes e acabem por espelhar o seu próprio comportamento e atitude. Afinal de contas é o seu universo!
Peço-lhe que reflicta, agora, um pouco sobre a organização e disposição da generalidade dos objectos, utensílios, equipamentos e mobiliário existentes. Certamente já terá verificado que a sua habitação diverge, em todos os aspectos, das restantes. Das dos amigos, parentes, conhecidos, colegas, vizinhos. As divisões estão, algumas delas, repletas dando a sensação que nem uma agulha caberá. Outras, disponíveis para albergar umas quantas coisas mais, mas como em todas as circunstâncias, há limites. 
Não nos podemos esquecer da cave, nos casos em que tal se adequa, pois é para lá que a maior parte do que julgamos não precisar é habitualmente transportado, às vezes acabando por ficar esquecido.
Mas para além do recheio que preenche os espaços, resta-nos, muitas das vezes apercebermo-nos do conteúdo, ou seja, da utilidade, do valor e da necessidade dos apetrechos que, mais ou menos recentemente, fomos espalhando com mais ou menos critério. Nas gavetas, nos armários, nos pequenos recantos, nas prateleiras.Umas mais para trás ou mais no fundo, outras mais à mão de semear.
Quando vive mais que um utilizador, como provavelmente acontece numa significativa maioria dos casos, nem sempre é pacífico lidar com a localização dos artefactos que, após “arrumados”, não raras vezes nos esquecemos onde os colocámos e que, algumas outras, nos provocam dissabores e momentos de preocupação, pois ainda há pouco tempo o tinha tido à vista e logo agora que é necessário é que não aparece! Quantas vezes já ouviu ou disse para si esta mensagem.

Consegue perscutar alguma analogia entre o modo e o tipo de organização que está enraizada na sua habitação e a forma como gere  a sua própria vida? E na relação que mantém com os seus familiares? Há espaço ou já sobeja pouco? A maior parte dos utensílios e pertences estão à disposição ou há algo que está escondido? Que motivos nos levam a fazer de conta? Quem sai a beneficiar? Que comparticipação acontece quando se procura algo? Obtemos melhores resultados quando puxamos a corda sozinhos ou acompanhados? Em que ocasiões devemos recorrer à memória, como se de uma cave se tratasse? E que significado podem ter as emoções, principalmente as que preferimos simular não existirem, quais documentos que foram tão bem guardados que desconhecemos o paradeiro?  

Somos únicos mas não nos podemos esquecer que estamos mergulhados num mar imenso em que o equilíbrio é vital!    

sexta-feira, junho 24, 2011

O jogo da vida

A vida é um jogo! E tudo na vida tem um preço. Por isso a entrada para o espectáculo tem de ser paga… está ciente do preço que tem de pagar para desfrutar deste jogo?

E se lhe disser que o que tem de dispender depende de si! Sim, isso mesmo. Acredita? Não!? Vou tentar convencê-la/o…
Quando vai ao cinema e quer ver um filme com um argumento baseado noutro autor ou a um espectáculo participado por outros intervenientes, tem de se sujeitar ao preço que lhe cobram, verdade? E se for você a promover e a divulgar o produto que você é? Quem determina o preço? Pois é…
Já concorda comigo? Um pouco, mas não totalmente… por vezes é difícil apercebermo-nos da perspectiva. Mas esta (a perspectiva) está intrínseca e intimamente ligada à nossa identidade.

Ninguém consegue nada sozinho. Está de acordo com este pressuposto? Se sim, continue, por favor.

Como todos os jogos tem de haver regras. Muitas das vezes, crescemos sem que se tenha a noção da sua importância ou se saiba do seu significado.
Quais são, quem as esclarece? São claras, ninguém tem dúvidas? São do conhecimento de todos? Todos as respeitam? Estão previstas coordenadas de alinhamento tendo como objectivo principal a harmonia do todo?
Se está em consonância com esta elaboração, pode prosseguir.

Como são poucos os jogos que conclui com êxito quando joga sozinha/o e a maioria não os concretiza sem outras pessoas, é, muito provavelmente, preciso ter uma equipa. Para constituir a equipa é preciso ter em atenção as competências, os perfis, as personalidades, as capacidades dos que a constituem. São estas condicionantes que, quando devidamente ponderadas, servirão de suporte ao sucesso ou ao fracasso.
Quais as linhas mestras de comunicação e interacção? Não há dúvidas na hierarquia? Como encara a adversidade, o erro? E quando é você a cometê-lo?
É possível conhecer os seus limites sem sentir acidentes de percurso?
Voltando um pouco atrás, está de acordo? Se acena afirmativamente com a cabeça, prossiga, pf.

Com a equipa a funcionar como um bloco segue-se a definição e determinação de resultados. Para tal há que saber quais são os objectivos de curto, médio e longo prazo.
Que recursos? Quem é ou está mais habilitado? Como lidar com o conflito e com a crítica individual ou dentro do grupo? Quais as condições preferenciais? Como insuflar auto-motivação e inculcar confiança nos que nos rodeiam?  

Não sei se está surpreendido com a semelhança, mas esta é a realidade das nossas famílias, dos nossos empregos, das nossas diversões, de todas as nossas actividades. A questão está centralizada em como e quem nos dirige neste jogo que é a vida.

É ou não possível ser você a criar o seu jogo? A determinar você o mérito do principal realizador do filme que é a sua vida?   

terça-feira, junho 07, 2011

Keep the faith…keep the faith



Este é o título de uma das mais famosas músicas de um grupo chamado Bon Jovi.
Tal como o momento actual, que circunstâncias e o quê terão motivado o autor da letra a expressar  a sua mensagem?

Provavelmente o refrão adequar-se-á, mais do que em qualquer outra altura, a mais casos e, consequentemente, pessoas, do que seria previsível e expectável. Em alguns, fará lembrar ou renascer pensamentos menos positivos, seja por que motivo for, só pelo simples facto de apelar à manutenção da nossa essência e busca de incentivos que nos guiem. Noutros, essa mesma incitação também infere mudança e, consequentemente, a interiorização da capacidade de adaptação a novas realidades.
A partir dos pressupostos e convicções que cada um de nós traduz das palavras escritas no título da canção, assim podemos obter perspectivas completamente diferenciadas da mensagem que a letra nos quer transmitir.
Mas no final de contas, acabamos todos, directa ou indirectamente, por viver momentos e acontecimentos que acabamos por catalogar como imprevisíveis e/ou incontroláveis.

Os orientais sustentam que a natureza assenta em 3 processos fundamentais: criação, conservação e transformação. Neste âmbito e assumindo que a imprevisibilidade e a interdependência são factores que podemos observar como permanentes e assíduos na vivência diária, interessa, pois, aceitar que o passado é isso mesmo, história, e que o futuro é insondável.
Resta-nos o presente. É verdade! É aqui que se concentram todas as coisas boas, tudo o que desejamos. Todos nós teremos, uns mais do que outros, pequenas histórias que à data dos acontecimentos foram dramáticas e hoje nos fazem sorrir quando as voltamos a relembrar.
A forma de sentir é sempre mais intensa no aqui e agora. E é verdadeiramente através dos sentimentos que percepcionamos a vida.
Por isso quer limitar-se a existir ou quer viver? Apesar de todos os condicionalismos inerentes, as fases de mudança inserem obrigatoriamente readaptações das zonas de conforto. E cada um de nós tem a sua! Umas são mais amplas, outras menos.

A aprendizagem e o desenvolvimento são nucleares para que nos possamos sentir agradados com o produto que cada um de nós é na montra da sociedade. Por isso, mantenha a fé e dê atenção às oportunidades que lhe vão surgir…… Alargue a sua zona de conforto concentrando-se nos propósitos e objectivos que lhe podem proporcionar o bem-estar desejado. Teste os seus limites na procura do que é a solução. 

terça-feira, maio 31, 2011


Consta, como saberão, que a origem do homo sapiens, tal como ele é hoje, está em África.
Os Bosquímanos são um povo indígena sul-africano que utilizam uma técnica muito engenhosa para encontrar água.
Crê-se que, nas regiões desérticas que habitam, são a estirpe mais antiga da Humanidade. A água é difícil de encontrar e um bem escasso.

Mas há uma criatura que a consegue encontrar nos lugares mais recônditos: nascentes e lagoas. O babuíno.
Assim, os Bosquímanos levam os babuínos a mostrar-lhes onde está a água, colocando algumas nozes (alimento preferido do animal) dentro de uma árvore oca. A abertura tem o espaço suficiente apenas para o babuíno enfiar a sua pata lá dentro. Quando estica o braço e agarra um punhado de nozes, já não a consegue retirar. 
O babuíno é demasiado guloso para abrir mão das nozes e, por isso mesmo, fica aprisionado. As horas vão passando e o animal acaba por não resistir e ficar sequioso. Então larga as nozes e corre à procura de água para se saciar. 
O babuíno acaba por ser o guia desejado dos Bosquímanos.

Realidade ou ficção, imaginemos que, por comparação ao babuíno, a espantosa habilidade de encontrar água no deserto é, de algum modo, equivalente à capacidade intrínseca que detem através dos seus recursos e, como tal, somente é necessário ter a consciência de que, quando quiser, os pode utilizar em benefício próprio. No fim de contas, tal como o animal esses mesmos recursos podem e estão ao nosso serviço, caso saibamos utilizá-los e lhes proporcionemos a atenção merecida. Eles são nossos aliados, são variados e completos e podem contribuir decisivamente para o nosso bem-estar. Mas tal como o pequeno mamífero, também nós ficamos presos a preconceitos, a pressupostos, a crenças sobre as quais podemos ter ascendente e, por um motivo ou por outro, socorremo-nos das mais variadas justificações para não encararmos o que, muitas vezes, está à nossa frente. Ou seja, descuramos a ajuda que o nosso organismo nos proporciona e inclusivamente o meio que nos rodeia. Repare que os recursos de que pode dispor não são somente os internos. Há que, paralelamente, privilegiar o que a natureza e o mundo exterior nos dão como opções e possibilidades. A escolha pertence a cada um de nós. Se não aproveitarmos as oportunidades que surgem, alguém o fará por nós!    

quarta-feira, maio 18, 2011

Ajuda externa


O colectivo que é a sociedade ou o congregado global é constituído pelas células familiares que se agregam em núcleos inter relacionais. Na subsistência humana, como necessidade básica que é, tem uma relevância fundamental a vertente profissional ou a ocupação efectiva da população em geral. A partir daqui constituem-se as empresas e as instituições que, à priori, devem gerar valor sob pena de claudicarem. Em paralelo o equilíbrio e a harmonia pessoal e familiar constitui-se como um forte aliado.
Acima desta gigantesca pirâmide damo-nos conta, hoje mais do que nunca, do todo-poderoso estado. Em algumas circunstâncias parece tão distante (normalmente quando pretendemos a sua atenção), noutras tão próximo (quando é ele que obrigatoriamente nos agita e clama: atenção estou aqui!). 
  
Em todo este emaranhado civilizacional, o ser humano tem, através do seu processo de aprendizagem, diferentes versões e percepções da realidade. São estas que habitualmente originam divergências interpretacionais que, por sua vez, consubstanciam diversidade de escolhas, comportamentos e decisões. Mas nem sempre esta prerrogativa democrática é bem aceite, ou seja, tem nos sido demonstrado por a mais b que nem sempre é suposto a diversidade incluir livre arbítrio, mesmo quando há a preocupação implícita de obter os melhores resultados para a comunidade. Por vezes, o simples facto de não se rever sucesso nas iniciativas pessoais é o suficiente para crescerem e acontecerem situações de fricção, talvez até conflitos e, em última circunstância, de ruptura.
As tomadas de posição pessoais reclamam responsabilização e, consequentemente, riscos intrínsecos. Nesta perspectiva importa traçar os mais consentâneos objectivos, para que nos proporcionem o bem-estar desejado.

Por isso, talvez seja importante mencionar que o enfoque deve ser dirigido para a questão e não para a pessoa, no pressuposto que a inter relação é de considerar.Se não for este o caso, não estamos perante um problema, mas uma ilusão.
Numa vertente ecológica, considerar que é mais salutar relevar a positividade da solução em vez da negatividade do problema.
Por último, coloquemo-nos em causa, pois é mais fácil a mudança revelar-se em nós próprios do que ser sugerida ou imposta aos outros.

É mais ou menos neste ponto que foi requerida a ajuda externa ao país? Será que há algum ponto de interacção entre a vida de cada um de nós e a vida de todos nós? 
Como nos sentimos, como nos vemos, como comunicamos, o que transmitimos. Que sentimentos e que estados de espírito? 

terça-feira, maio 03, 2011

O tempo

“Não tenho tempo nem para me coçar!”, “Agora nem pensar, não tenho tempo!”,
“Não dá para tudo, o dia só tem 24 horas!”.

Estes são exemplos de expressões que todos ouvimos ou proferimos quotidianamente.
Revelam escassez de um qualquer produto a que muito poucas pessoas têm acesso? O que acham?
E não é pelo seu custo ou dispêndio financeiro!

Na realidade, qualquer organismo que sistematicamente assuma que as escolhas e as
decisões que são tomadas não se enquadram no panorama concebido para a sua execução,
terá, quase que obrigatoriamente e de uma forma mais ou menos revelada, de conhecer
uma situação de gradual mal-estar. O factor da imprevisibilidade é o início de um processo ao que se segue a confusão e a desordem que dão origem a incidentes e a consequentes situações traumáticas/doenças. Num estado mais avançado e assumido extremismo casos há em que é reconhecida violência que, se adoptada numa forma continuada, descambará em caos.

No fim de contas, todas estas condicionantes são criadas por cada um de nós.
Atentemos na gestão temporal que o nosso corpo faz de todos os complicadíssimos
processos de auto-regulação. Desde que nascemos, os sistemas circulatório, digestivo
e respiratório são disso excelentes exemplos. Quem os controla? Já tentou fazê-lo?

Mas o tempo que lhe foge pelas pontas dos dedos pode ser um seu aliado.
Como em tudo na vida, o que concorre para o bem-estar é bem-vindo.
O que necessita fazer para ter a amizade do tempo? Em que circunstâncias ele a/o incomoda? Que recursos necessita para se sentir como desejaria?
O tempo é somente uma criação nossa e, como em todas as circunstâncias, 2 hipóteses subsistem: controlamos ou somos controlados.