sexta-feira, janeiro 18, 2013

Curva da Felicidade






Tem a felicidade uma raiz evolutiva? O que poderá significar esta questão?

Foi na tentativa de dar uma resposta à dúvida que a equipa do economista social Andrew Oswald, da Universidade de Warwick (Reino Unido) concluiu, em 2008, que somos mais felizes no início de vida, sofremos um pequeno retrocesso a meio da “curva da felicidade” e voltamos a arribar quando somos menos jovens. Graficamente tem a forma de um U. Há que ter em consideração que, nos anos antes da morte ou num período em que as funções orgânicas já podem afectar, são a excepção.
Não havendo distinções raciais, de cariz financeiro ou de género, é por volta dos 45-50 anos que nos sentimos menos felizes. Não se saberá bem ao certo o que se passa, mas a consciência comportamental ou a renúncia descomprometida e serena a alguns sonhos acabem por nos influenciar numa fase mais adiantada da vida, bem como algumas atitudes exploratórias e outras de carácter comprovativo nos verdes anos possam hipoteticamente contribuir para este cenário.

Foi através de experiências com orangotangos e chimpanzés que, este mesmo cientista se juntou ao psicólogo Alexander Weiss, da Universidade de Edimburgo, e ao primatólogo Tetsuro Matsuzawa, da Universidade de Quioto, para concluírem que, genericamente, o percurso da felicidade dos símios é, em tudo, semelhante à curva dos humanos. Perceberam também que, em ambos os casos, a felicidade proporciona um prolongamento dos anos de vida e tem reflexos positivos na qualidade dos mesmos.
Foi com base nesta informação que colocaram a pergunta inicial. Para além da vertente socioeconómica e das diferenças demográficas e culturais das populações humanas, constata-se, com sustentação em outros estudos, que o bem-estar tem muito a ver com a herança genética e o meio envolvente. Por isto mesmo, nem tudo é possível transformar, mas há uma significativa fatia do nosso ser que pode ser mudada. Para o testemunhar, veja uma fotografia sua de há 10 anos atrás! Podemos sempre modificar a perspectiva com que observamos os acontecimentos e participamos nas experiências.            
Ainda bem recentemente, alguém na sua fase crítica da curva da felicidade me dizia: “só agora me apercebi que não é por ter dinheiro ou estatuto que vou ser feliz!”
Uma coisa parece ser certa. É que a receita que me satisfaz, para além de não ser permanente, é exclusiva! Ao partilhá-la não significa que, com quem o fizer, vá conseguir atingir os mesmos objectivos. Atenção!   

Somos naturalmente calibrados para sentir e ter prazer na procura das mais intrínsecas motivações. O nosso organismo ajuda-nos e contribui decisivamente para que não tenhamos que nos preocupar com a sua gestão através da homeostase. O funcionamento dos órgãos é cuidadosa, minuciosa e automaticamente regulado para que nos possamos dedicar a interpretar e percepcionar o que os sentidos nos transmitem. O que aconteceria se todas as funcionalidades orgânicas estivessem sob a nossa alçada consciente? Será que nos poderíamos esquecer de activar o bater do coração?   
Por exemplo, o que, genericamente, nos motiva na aproximação ao sexo oposto? Os estudos indicam que há traços comuns aos homens e às mulheres. A inteligência, a gentileza, a fiabilidade, a saúde, entre outros. Mas há já mais especificidades se nos centrarmos nos homens e/ou nas mulheres em exclusivo. Serão eventualmente universais as ambições destas para preferirem homens trabalhadores e financeiramente bem sucedidos. Já os homens tendem a realçar os atributos físicos bem como a considerar a idade das pretensas companheiras. Embora não nos debrucemos frequentemente sobre o tema, estes motivos são histórica e biologicamente fáceis de entender. A gestação é um processo mais comprometedor para a mulher do que para o homem. Por essa razão, a estabilidade e a segurança são factores a considerar. No caso do homem está em causa a demonstração das suas capacidades competitivas. Já era assim nos tempos das cavernas!

O que precisa para se sentir feliz? Quais são os motivos que a/o impelem para a acção? É o alcance deste sentimento inconsciente ou consciente?