sexta-feira, junho 27, 2014

A bagagem







Ocorreu-me escrever sobre este tema com base em duas premissas. A 1ª, mais óbvia, por estarmos em tempo de férias; a 2ª, por ter tido acesso a uma notícia cujo título era “Greta viveu 1 ano sem gastar dinheiro”. Curioso, li-a. À notícia claro!
Basicamente descreve que uma jovem alemã decidiu colocar “em causa” o actual sistema financeiro. Este teste surgiu após uma opípara refeição em casa da sua avó. Concluiu que o desperdício era enorme e, logo se decidiu a avançar para a experiência. Para o efeito, a alimentação era conseguida através de produtos hortícolas cultivados pelos próprios utilizadores, bem como outro tipo de bens e víveres necessários para a sua subsistência; a mesma coisa se passava com os produtos de higiene e por outro tipo de estratégias de auto sobrevivência. Como em todas as circunstâncias, no final da aventura deduziu que houve coisas positivas e outras que nem por isso!

Mas isto para testemunhar que há casos em que, quase sem nos apercebermos, há excesso de bagagem; outros, talvez em menor numero, em que a mesma peca por escassez. Quer num caso, quer noutro, não há equilíbrio e, como tal, carregamos peso a mais ou acaba por nos faltar algo que só nos lembramos quando queremos utilizar.
Em muitas ocasiões do nosso quotidiano isto acontece. No entanto, constato que, nos mais variados exemplos que me ocorrem, para além de haver pouca sensibilidade para que haja ponderação sobre a bagagem que se transporta, seja na ausência ou no cúmulo do que é efectivamente necessário, o peso que carregamos é concentrado por artefactos externos ao nosso próprio Ser. E em que circunstâncias damos importância ao excesso de “bagagem emocional”? E quando damos atenção ao nosso deficitário bem-estar? E em que casos escutamos o que o nosso corpo nos transmite? E como reagimos ao que as outras pessoas nos dizem? Ou seja, como avaliamos a nossa bagagem interior?

Tal como a bagagem intelectual individual, que nos permite dar resposta às mais variadas solicitudes do dia a dia, através da utilização dos recursos que nos são disponibilizados e da aprendizagem conseguida, também a focalização na harmonia das dimensões emocional, física, mental e espiritual deve ser tida em conta.
A nossa competência também nos deve ser dirigida, sob pena de que, se nos distrairmos do que, na realidade, nos interessa, é uma questão de tempo esse balanço não nos ser favorável, quer por defeito, quer por excesso.

O modo como pensamos, o modo como sentimos, o modo como agimos tem reflexo na forma como nos expressamos. Se as palavras que utilizamos indiciam uma carga negativa é dessa mesma forma que olhamos o mundo e, então, ele torna-se uma ameaça e acaba por nos causar sofrimento. Mas se a perspectiva pessoal é de cariz confiante e satisfatório, o que transmitimos e comunicamos é, certamente, associado do prazer. Faça um pequeno exercício! Experimente gravar os seus diálogos. Alguns dias mais tarde e de uma forma serena, preste atenção às palavras que utilizou e dedique algum tempo a apreciar que tipo de sentir elas lhe transmitem?

A opção é sua! As percepções pessoais estão interligadas com aquilo a que damos atenção e com o significado que damos às nossas experiências.


"Você não é o que você pensa que é, mas o que você pensa, você é!" – Norman Vincent Peale