sexta-feira, julho 22, 2011

A nossa casa



Já se deu ao trabalho de observar a variedade de tipos de habitações que existem? Umas são casas, a que habitualmente chamamos vivendas, outras apartamentos, outras quadrados ou rectângulos de reduzidas dimensões e outras simples quartos. Umas maiores, outras menores em função de diversas condicionantes que nem sempre são de cariz financeiro. De qualquer modo é o gosto e a satisfação de cada um que, em alguns casos, acaba por determinar as suas características.
É no seu interior que passa uma significativa parte da sua existência, quanto mais não seja a dormir. Isto no pressuposto que, com muita frequência, prefere estar na parte exterior das quatro paredes, caso contrário é nesse mesmo local que, sensivelmente e no mínimo, 40% do seu tempo é dispendido nesse espaço. Como tal é absolutamente lógico que estes espaços reflictam muitos indicadores que intrisecamente estão relacionados com os utentes e acabem por espelhar o seu próprio comportamento e atitude. Afinal de contas é o seu universo!
Peço-lhe que reflicta, agora, um pouco sobre a organização e disposição da generalidade dos objectos, utensílios, equipamentos e mobiliário existentes. Certamente já terá verificado que a sua habitação diverge, em todos os aspectos, das restantes. Das dos amigos, parentes, conhecidos, colegas, vizinhos. As divisões estão, algumas delas, repletas dando a sensação que nem uma agulha caberá. Outras, disponíveis para albergar umas quantas coisas mais, mas como em todas as circunstâncias, há limites. 
Não nos podemos esquecer da cave, nos casos em que tal se adequa, pois é para lá que a maior parte do que julgamos não precisar é habitualmente transportado, às vezes acabando por ficar esquecido.
Mas para além do recheio que preenche os espaços, resta-nos, muitas das vezes apercebermo-nos do conteúdo, ou seja, da utilidade, do valor e da necessidade dos apetrechos que, mais ou menos recentemente, fomos espalhando com mais ou menos critério. Nas gavetas, nos armários, nos pequenos recantos, nas prateleiras.Umas mais para trás ou mais no fundo, outras mais à mão de semear.
Quando vive mais que um utilizador, como provavelmente acontece numa significativa maioria dos casos, nem sempre é pacífico lidar com a localização dos artefactos que, após “arrumados”, não raras vezes nos esquecemos onde os colocámos e que, algumas outras, nos provocam dissabores e momentos de preocupação, pois ainda há pouco tempo o tinha tido à vista e logo agora que é necessário é que não aparece! Quantas vezes já ouviu ou disse para si esta mensagem.

Consegue perscutar alguma analogia entre o modo e o tipo de organização que está enraizada na sua habitação e a forma como gere  a sua própria vida? E na relação que mantém com os seus familiares? Há espaço ou já sobeja pouco? A maior parte dos utensílios e pertences estão à disposição ou há algo que está escondido? Que motivos nos levam a fazer de conta? Quem sai a beneficiar? Que comparticipação acontece quando se procura algo? Obtemos melhores resultados quando puxamos a corda sozinhos ou acompanhados? Em que ocasiões devemos recorrer à memória, como se de uma cave se tratasse? E que significado podem ter as emoções, principalmente as que preferimos simular não existirem, quais documentos que foram tão bem guardados que desconhecemos o paradeiro?  

Somos únicos mas não nos podemos esquecer que estamos mergulhados num mar imenso em que o equilíbrio é vital!