domingo, novembro 10, 2013

Processo decisório





Uma das notícias com maior destaque na imprensa nacional foi a decisão do “promotor” nacional Garett McNamara ter partilhado com atletas brasileiros a façanha de surfar ondas gigantes na Nazaré. O relato dizia que o norte-americano teria dado preferência ao factor segurança à eventualidade de bater um recorde que, até à data, ainda lhe pertence.
Já numa perspectiva diferente a atleta brasileira que foi alvo de um acidente expressou-se nos seguintes termos: “Se morresse naquele momento, iria em paz”.
Por sua vez, um outro candidato brasileiro, para além de ter tido uma activa e, provavelmente decisiva, participação no resgate da sua compatriota, poderá ter conseguido bater um recorde.
De realçar que, para além das peripécias dos acontecimentos, os atletas masculinos têm sensivelmente a mesma idade e perante as circunstâncias tiveram atitudes bem diferentes quanto à confrontação das adversidades, neste particular, naturais.   

O que poderá sustentar atitudes tão diferentes perante as experiências?

Quase sem darmos por isso o modo como decidimos se revela importante, sendo por vezes até fulcral. Se não vejamos.
Antes da acção propriamente dita, há um processo com uma série de enlaces e entroncamentos que nos permite, caso assim o desejemos, promover uma mais prometedora decisão.
Sabemos que toda a causa tem um efeito. Se lhe adicionarmos o facto de que as condicionantes ou circunstâncias subjacentes a esses mesmos factores estão em permanente mutação, podemos concluir que a impermanência é uma realidade e que há um incalculável número de imponderáveis que devem ser considerados. Também todas as causas produzem muitos efeitos, o que nos remete para uma associação de consequências e dependências (interdependência).
No entanto, muito pouca atenção prestamos ao que nos rodeia e/ou aos factores que influenciam os resultados obtidos.

Estes ponderadores são constantes e devem ser tidos em linha de conta quando aquilatamos a nossa perspectiva do acontecimento. Uma visão correcta terá de ser calibrada com o maior número possível de contribuições para que, sequencialmente, nos transporte uma conduta também ela correcta.
Chegados a este ponto é recomendável compreender as intenções e motivações pessoais. Mas não só! Como já anteriormente foi escrito, há o binómio causa/efeito. Assim, é aconselhável que sejam avaliadas as consequências da decisão sobre o próprio e os outros que, eventualmente, venham a estar envolvidos no processo.
Neste ponto, a haver hipotéticos prejuízos ou prejudicados que haja a contemplação para que sejam nenhuns ou, no limite, o menor número possível. Terá sido este o percurso mental que Gareth terá adoptado, quer antes do acidente documentado no vídeo, quer após ter tido conhecimento das circunstâncias do meio ambiente? Terá a intenção do norte-americano de obter segurança despoletado a motivação do brasileiro de bater o record do seu colega e procurar a liberdade de surfar nas mesmas condições?  

As decisões são tomadas para mudar algo e, portanto, a mudança está-lhe associada.
Quer queiramos, quer não! Se não formos nós a promovê-la, alguém o fará.