sábado, dezembro 08, 2012

O caboz e o Coaching

          




O caboz é um peixe que vive em águas pouco profundas. Impelido pela tendência para a sobrevivência, durante a maré baixa, vai saltando, com enorme precisão, de poça em poça conseguindo sobrepor-se às dificuldades criadas pelas pedras e rochas e superando-se nas porções secas na procura do recanto que possibilite a sua continuidade no planeta Terra. Como consegue tal proeza? Como se inteira da localização das poças entre as quais saltita e onde estão os pequenos espaços secos que medeiam os charcos se não os vê?
Durante a maré-alta vai vagueando por esses mesmos espaços. É este seu meio ambiente que vai assimilando e interiorizando como o “seu” mundo e que lhe irá servir de mapa.
Inconscientemente, aquando da maré baixa utiliza esta informação como bóia de salvação e arrisca sobre que saliências estão secas e que depressões estão cheias de água.

Serve esta analogia para retratar a maior parte dos comportamentos humanos. Independentemente da herança genética que a todos toca, são-nos transmitidas muitas metodologias que calibram os nossos temperamentos e atitudes futuras. Em muitos casos, acontece que, mais tarde e numa fase mais madura da existência, nos apercebemos que são condicionantes que atravessaram gerações e que até nos parecem contagiosas.

Isto a propósito de esclarecer ao que se propõe a actividade de Coaching. Sendo importante a palavra através da qual se associa uma determinada actividade para que haja uma mais rápida identificação da mesma, não me parece ser de relevância fulcral esta ou qualquer outra nomenclatura, mas antes os resultados que da sua abrangência e transversalidade podem alcançar.

Nas mais diversas fases da vida nos deparamos com diferentes contextos e acontecimentos. Há sempre uma relação causa/efeito em função das condições individuais e externas. Apesar de, em muitos casos, termos a sensação de que já passámos por “isto”, tal não é possível. As já referidas condições, internas ou externas, não se repetem. Ficamos, ou melhor, mantemos essa crença por uma questão de facilidade de resolução de um eventual problema. É mais cómodo! Não dá tanto trabalho! Quantas e quantas vezes, ouvimos “onde é que já ouvi/vi isto?”

Sempre que algo de novo acontece a nossa atenção é desperta, tal como a de um bebé. Mas este cenário só se torna uma experiência realmente vivida, se estivermos presentes. Só conhecerei o que os meus sentidos me dizem de uma determinada paisagem, se a observar, se cheirar as flores, se tocar nos elementos que a compõem. Se alguém me a descrever, o exercício não tem as mesmas repercussões. A relação causa/efeito transforma-se e, como tal, os resultados são diferentes.
É por isso fundamental no Coaching que o coachee (cliente) esteja disposto e receptivo a mudar os padrões comportamentais. Nesta vertente parece ser também apropriado evidenciar as diferentes pretensões entre o Coaching e quaisquer outras iniciativas de cariz aproximado e/ou complementar.

Não há verdades absolutas!