terça-feira, setembro 23, 2014

Paradoxos







São muitos e variados. Então o que pode ser entendido por paradoxo. Numa abordagem simplista diria que se trata de uma contradição lógica. Já aqui há algo que nos permitirá reflectir. Contradição lógica? Será esta terminologia um sinal de que devemos estar alerta!?

No entanto, concentrar-me-ei sobre o que entendo ser um mito, para além de um paradoxo. O do pretenso conceito de igualdade. É intenção da própria Constituição Portuguesa manifestar “igualdade real entre os portugueses“ no seu art.º 9, alínea d); um dia destes estava a ler um artigo em que o autor mencionava a pretenda “igualdade perante a lei”; por vezes ouvimos a pretensão de haver “igualdade de oportunidades”; em alguns casos, os casais, os filhos abordam esta mesma questão, da igualdade, nos seus direitos. E por aí adiante. Como outorgar tal essência se nos mais corriqueiros acontecimentos diários nos defrontamos com significativas diferenças, por vezes, abismais no âmbito social, económico, jurídico, desportivo, individual, comportamental?  

Para os devidos efeitos e numa perspectiva meramente pessoal, algo que nos poderá permitir fundamentar ou não esta questão é, em primeira instância, uma apreciação do género e, num segundo patamar algo que nos diferencia do mundo animal, a possibilidade de utilizar o cérebro. Neste particular, compreender as emoções como resposta aos estímulos.

É hoje sabido que, numa perspectiva superficial, tal facto (igualdade), tratado como generalidade, fere as mais básicas percepções do que é o Ser Humano. Mais ainda se nos debruçarmos sobre a diferença de géneros. Homem e Mulher são diferentes ou iguais? Como se pretende que haja igualdade, por exemplo, a nível profissional se o cérebro, na sua estrutura é diferente? Como se pretende que os géneros sejam compatíveis se, na essência, os métodos de comunicação, a cultura masculina e feminina subjacente, a educação são bem diversas? Há que parar com esta ilusão pois as pessoas fundamentam expectativas que não têm qualquer possibilidade de se concretizar.

As mulheres têm tipicamente mais memória verbal e cognição social; os homens mostram uma maior capacidade motora, habilidades em actividades que requerem visualização tridimensional e uma maior propensão para a agressividade física. Se nos recordarmos como os professores na escola primária nos relatavam (será que ainda falam disto?) dos tempos da “Idade da Pedra” a mulher era, já nessa época, protectora e o porto seguro do clã; o homem integrava todos os requisitos antes mencionados como um ser essencialmente caçador, responsável pela sobrevivência da comunidade.

As experiências mostram que as mulheres têm mais ligações entre os 2 hemisférios do cérebro; os homens têm mais ligações dentro de cada um dos hemisférios. Já na região que está associada ao pensamento motor (cerebelo), os homens apresentam mais ligações entre os dois hemisférios. Como a parte esquerda do cérebro está mais “apta” para lidar com o pensamento lógico e a parte direita está mais associada ao pensamento intuitivo, são as mulheres que melhor sintonizadas estão para esta comunhão. Têm melhor memória e são mais emocionalmente envolvidas e, quiçá desenvolvidas. Por outro lado será a desenvoltura motora que justifica que a maioria dos chefes de cozinha sejam homens?

Quanto mais tenras forem as idades menores as diferenças de géneros. Após os 13 anos, vão aumentando gradual e mais substancialmente. Será, por tudo isto, mais salutar aceitarmos a diversidade em vez da igualdade. Caso contrário, ao interiorizarmos e partilharmos este tipo de conceitos com aqueles que connosco privam, podemos estar a contribuir para uma inusitada geração de conflitos e queixas sobre algo que, muito provavelmente em poucos pormenores e especificidades, nada tem de congruente. A procura individual do bem-estar deve observar, entre outros recursos, a utilização da consciência e, é ela que, na sua plenitude, nos permitirá alcançar os objectivos pessoais. Se a diversidade for elevada, melhor! Conjugaremos e consolidaremos o que de melhor há em cada um para que os resultados sejam potenciados, como de uma roda motriz se trate. Para que ela funcione, não são os primeiros embalos que são mais difíceis? Quem pára uma bola de neve em movimento?   
Vamos por isso ser capazes de saber integrar várias perspectivas e enquadrar as diferentes opiniões, de modo a que as interacções sejam vencedoras e com o mínimo deficit possível. A flexibilidade e a aceitação é também uma forma de respeito pelo outro que, desta forma e ao saber que se pode pronunciar, se sente reconhecido e “validado”. Está ou não em causa o bem-estar de afirmar e querer passar a mensagem que somos “iguais”? Em que casos e circunstâncias isto acontece?