domingo, dezembro 29, 2013

Felicidade





Já algumas vezes tenho escrito sobre este tema. Afinal de contas é o que nos move, caso contrário, remetemo-nos a uma inércia que em nada contribui para o nosso bem-estar.
Este sentimento acaba por ser constituído por uma amálgama de ingredientes que, uns em maior ou em menor intensidade e quantidade, se vão misturando e nos levam à alegria, ao optimismo, à atenção, ao júbilo, ao êxtase, à celebração, à saudação efusiva, ao reconhecimento, à partilha e por aí adiante.

No espaço de uma semana li informação publicada que relatava dados de uma organização interna relativos à maneira como os portugueses se sentem em relação à Felicidade. Divulgava que, surpreendentemente e com base num questionário preparado por clínicos de especialidades consentâneas com o tema, apesar da atmosfera algo densa reinante no país, havia um sentimento generalizado de felicidade. Decorrente do trabalho de campo realizado em Setembro 55% dos inquiridos estavam felizes, sendo que 12% desses, estavam mesmo muito felizes (ainda são mais de 1 milhão de pessoas muito felizes!); 26% estavam no registo “vai-se andando”; já numa perspectiva de esperança 79% (uau) consideram-se medianamente ou mesmo optimistas contra apenas 18% que estão algo cansados; das pessoas questionadas 69% responderam que estão tão ou mais felizes do que há 3 anos.    

Já um estudo sobre o bem-estar da OCDE proporciona dados algo diferentes. Sendo que pertencem a esta organização 36 países maioritariamente europeus, embora também estejam representados EUA, Nova Zelândia, Rússia, Israel, Japão, a análise incidiu sobre 11 tópicos que se distribuíam por áreas como as condições materiais ou a qualidade de vida familiar: habitação, salários, emprego, educação, segurança e conciliação do trabalho com a vida familiar.
Em geral, diz o estudo, num dia normal em Portugal 71% das pessoas dizem ter mais experiências positivas (descanso, orgulho nas conquistas conseguidas, satisfação) do que negativas, ficando, por isso, abaixo da média de 80% encontrada neste estudo.     

Independentemente dos dados genéricos e estatísticos, a Felicidade é subjectiva e cada um poderá "construi-la" da melhor maneira que entender. Aquilo que me satisfaz não tem obrigatoriamente que agradar ao outro! Mas a questão também passa por aqui. Se vivemos em comunidade temos que contribuir para que os outros sejam ou possam ser felizes, compreendendo quais as suas necessidades e desejos. Muitas vezes, dá-se e contribui-se com dinheiro. Este meio de sobrevivência torna-se indispensável para quem não tem o mínimo para cumprir as necessidades básicas (Abraham Maslow), mas, tal como outro tipo de estudos nos demonstraram, a partir de determinado montante que, certamente, pecará por excesso, são mais as amarguras do que as satisfações.    

No entanto, uma coisa parece evidente. A Felicidade, em primeira instância, passa por nós. Eu nunca serei feliz por somente ver os outros felizes. Permitam-me 3 dicas:

- Ser proactivo: através da acção pessoal, antecipo-me ao estímulo externo. A resposta reactiva é dada por alguém que não eu. Procurei ir de encontro aos meus desejos e seguir a minha intuição;
- Ter sempre um objectivo em mente: é através da convicção e perseverança que concretizarei o que pretendo e, consequentemente, conseguirei alcançar o meu "centro", o meu "ânimo";
- Saber o que é realmente importante: em muitas circunstâncias movemo-nos pela urgência ou pelo que o exterior nos solicita. Os resultados, na maior parte das vezes, não são os desejados. Compreende-se bem porquê!    


quarta-feira, dezembro 11, 2013

O sono







Tantos de nós que não dão relevância ao sono! Não o reconhecem como função vital para o bom funcionamento do organismo e prossecução do bem-estar.
Há urgências, há preocupações para o dia seguinte, há um conflito que está latente e não se resolve, há um trabalho que tem de ser terminado ontem. Tudo pela ansiedade de o tempo não chegar!!! Até que as consequências aparecem e, muito raramente, as atribuímos à ausência de noites bem dormidas.

Mas para que serve o sono? Ao longo dos séculos tem havido muito interesse em desvendar os seus segredos e a investigação tem proporcionado pouco conhecidas conclusões. Quase todos os animais dormem, apesar de se poderem tornar presas fáceis para os predadores. Mas não dispensam a acção e, preventivamente, tentam recolher-se da forma mais protectora possível.  

Foi recentemente que na Universidade de Rochester, EUA, através de experiências com ratinhos, os cientistas concluíram que, entre outras funções, o nosso sistema central evacua para o sangue os “detritos” produzidos pela actividade do cérebro.  
Para além do “arquivamento” das memórias (emoções e imagens representativas das experiências pessoais), o sono possibilita a reposição de energia dispendida durante a vigília. As pilhas gastam-se para dar cumprimento às nossas acções e reacções quotidianas.
Um sistema a que deram o nome de glinfático apresenta a sua maior incidência e actividade durante o sono, removendo toxinas e outros subprodutos nefastos ao bom funcionamento biológico e orgânico. Nem com isto nos temos que aborrecer!
E o fascinante é que descobriram que as células responsáveis por estas funções, reduzem para mais de metade do tamanho de modo a possibilitar que o “lixo neuronal” entre no tal sistema glinfático e circule de maneira a que o funcionamento dos canais de “esgotos” do cérebro seja o mais eficaz possível.    
Quando esta limpeza falha ou não é concluída, os desperdícios vão-se acumulando e, sem nos apercebermos as proteínas tóxicas podem causar danos que, ao fim de alguns anos, se podem tornar irreversíveis. Por exemplo, a toxina beta-amilóide pode dar origem à doença de Alzheimer.

Estime-se e procure o seu bem-estar. Invoco uma célebre frase de Madre Teresa de Calcutá: “Se cada um de nós varresse a soleira da sua porta, o mundo seria mais limpo”.

sexta-feira, novembro 29, 2013

Inteligência canina






Decorridos que foram alguns anos sobre a realização de uma experiência em que cientistas italianos haviam descoberto que os cães abanam a cauda mais para a direita quando sentem emoções positivas (ao verem o dono) e mais para a esquerda quando sentem emoções negativas (perante a ameaça de um cão agressivo), um mais recente estudo levado a cabo pelos mesmos investigadores e cujos resultados foram publicados na revista Current Biology veio mostrar que os cães reagem de forma diferente conforme vêem um outro cão a abanar a cauda mais para a direita ou mais para a esquerda. E conseguiram também aperceber-se que os seus congéneres notam a diferença e sabem interpretar os sinais!
Os cientistas ainda concluíram que este comportamento espelha o que se está a passar no cérebro dos animais. A activação do hemisfério direito está interligada com o abanar da cauda para a esquerda e, consequentemente, com emoções negativas; já o mesmo processo realizado pelo hemisfério direito está associado às emoções positivas. Mas como se pode testar e comprovar que “os outros” também sentem essas mesmas cambiantes emocionais e se se apercebem delas? Através da simples visualização de filmes em que os cientistas monitorizaram as reacções de cães espectadores e de cães actores.
Para espanto de todos, constataram que o stress, a ansiedade e o ritmo cardíaco aumentavam nos espectadores caninos pelo simples facto de verem o cão actor a abanar a cauda para a esquerda; a calma e descontracção eram reconhecidas, do mesmo modo, quando o abanar da cauda acontecia para a direita.    
Também nós humanos reagimos, a maior parte das vezes,às situações e às circunstâncias envolventes de uma forma automática e sem nos concentrarmos nas reais motivações e intenções. A grande diferença está na possibilidade de utilizarmos o neo córtex que sustenta a capacidade de nos diferenciarmos e, efectivamente, podermos justificar sermos detentores de um tipo de inteligência que raramente nos lembramos de ter: IE sobre a qual Daniel Goleman já se debruçou afincada e profundamente.     

Entre a percepção ou recepção de um estímulo e a resposta ao mesmo, há um intervalo de tempo que nos possibilita utilizar a consciência e mudar  rumo das atitudes inconscientes. É esta a grande capacidade que nos distingue da maioria das espécies. E tão poucas vezes a contemplamos! Pode fazer toda a diferença nas mais diversas situações  

quarta-feira, novembro 20, 2013

Será excesso de confiança?









No âmbito de estudos realizados nos EUA por duas empresas ligadas às áreas da educação e a estudos de mercado, os inquéritos realizados a dois mil universitários e a mil recrutadores revelaram que a maior parte dos alunos se sentem bem preparados para entrar no mercado de trabalho, mas os recrutadores entendem que não chega aos 40% a percentagem dos que constituem este grupo.
A amostra espelha ainda expectativas mais elevadas para os futuros candidatos ao mercado de trabalho do que quem, no terreno, tem a incumbência de realizar as selecções para os seus clientes. A saber, a avaliação das capacidades revela as seguintes disparidades:

Ø      Estabelecimento de prioridades – alunos 77%; recrutadores 50%;
Ø      Capacidade de organização – alunos 79%; recrutadores 54%;
Ø      Trabalhar de modo autónomo – alunos 82%; recrutadores 58%;
Ø      Apresentação de resultados – alunos 68%; recrutadores 42%.

Paralelamente 70% dos candidatos entende que ter boas notas é primordial, enquanto quem os avalia e entrevista só valoriza esta componente em 48%. O que as empresas de recrutamento realmente dão mais importância é à capacidade de liderança (93%), participação de actividades extra curriculares (91%) e estágios profissionais (82%).
Sendo obviamente natural que haja argumentos diferentes entre os intervenientes, conforme estão de um lado ou de outro da questão, propor-me-ia dar algumas dicas com a intenção de balizar hipotéticas reflexões ou ponderações sobre o tema.

1 – Mostre apreço pelo que tem;
2 – Invista mais do que é esperado em tudo o que lhe interessa e quer;
3 – Os erros são uma fonte de aprendizagem;
4 – Encare os dias com pensamentos agradáveis;
5 – Mantenha-se atento às armadilhas das emoções negativas;
6 – Não ocupe o tempo com insignificâncias, mas com prioridades;
7 – O presente é que conta;
8 – Nenhum factor exterior a/o influenciarão mais do que as suas motivações;
9 – Estabeleça objectivos diários;
10 – Assuma as consequências dos seus actos.

Tal como o título denuncia, o excesso, a par da escassez, em nada contribui para a harmonia do próprio ou de quem o rodeia. Há uma tendência normal para a maioria das pessoas se sobrevalorizar e subdimensionar o que está relacionado com os outros. Na realidade, a palavra confiança também, objectivamente e a partir do seu prefixo, pretende transmitir uma ideia de agregação, como que a impelir-nos para efeitos colectivos e não única e exclusivamente individuais.
De que me serve acreditar em mim, se for o único? Como exemplo ocorre-me os episódios conhecidos do ex-ciclista Lance Amstrong. 
E se não acreditar?
Muito provavelmente, nenhum destes cenários é recomendável!Há que saber encontrar e praticar o equilíbrio que nos permite alcançar o bem-estar.

domingo, novembro 10, 2013

Processo decisório





Uma das notícias com maior destaque na imprensa nacional foi a decisão do “promotor” nacional Garett McNamara ter partilhado com atletas brasileiros a façanha de surfar ondas gigantes na Nazaré. O relato dizia que o norte-americano teria dado preferência ao factor segurança à eventualidade de bater um recorde que, até à data, ainda lhe pertence.
Já numa perspectiva diferente a atleta brasileira que foi alvo de um acidente expressou-se nos seguintes termos: “Se morresse naquele momento, iria em paz”.
Por sua vez, um outro candidato brasileiro, para além de ter tido uma activa e, provavelmente decisiva, participação no resgate da sua compatriota, poderá ter conseguido bater um recorde.
De realçar que, para além das peripécias dos acontecimentos, os atletas masculinos têm sensivelmente a mesma idade e perante as circunstâncias tiveram atitudes bem diferentes quanto à confrontação das adversidades, neste particular, naturais.   

O que poderá sustentar atitudes tão diferentes perante as experiências?

Quase sem darmos por isso o modo como decidimos se revela importante, sendo por vezes até fulcral. Se não vejamos.
Antes da acção propriamente dita, há um processo com uma série de enlaces e entroncamentos que nos permite, caso assim o desejemos, promover uma mais prometedora decisão.
Sabemos que toda a causa tem um efeito. Se lhe adicionarmos o facto de que as condicionantes ou circunstâncias subjacentes a esses mesmos factores estão em permanente mutação, podemos concluir que a impermanência é uma realidade e que há um incalculável número de imponderáveis que devem ser considerados. Também todas as causas produzem muitos efeitos, o que nos remete para uma associação de consequências e dependências (interdependência).
No entanto, muito pouca atenção prestamos ao que nos rodeia e/ou aos factores que influenciam os resultados obtidos.

Estes ponderadores são constantes e devem ser tidos em linha de conta quando aquilatamos a nossa perspectiva do acontecimento. Uma visão correcta terá de ser calibrada com o maior número possível de contribuições para que, sequencialmente, nos transporte uma conduta também ela correcta.
Chegados a este ponto é recomendável compreender as intenções e motivações pessoais. Mas não só! Como já anteriormente foi escrito, há o binómio causa/efeito. Assim, é aconselhável que sejam avaliadas as consequências da decisão sobre o próprio e os outros que, eventualmente, venham a estar envolvidos no processo.
Neste ponto, a haver hipotéticos prejuízos ou prejudicados que haja a contemplação para que sejam nenhuns ou, no limite, o menor número possível. Terá sido este o percurso mental que Gareth terá adoptado, quer antes do acidente documentado no vídeo, quer após ter tido conhecimento das circunstâncias do meio ambiente? Terá a intenção do norte-americano de obter segurança despoletado a motivação do brasileiro de bater o record do seu colega e procurar a liberdade de surfar nas mesmas condições?  

As decisões são tomadas para mudar algo e, portanto, a mudança está-lhe associada.
Quer queiramos, quer não! Se não formos nós a promovê-la, alguém o fará. 

segunda-feira, novembro 04, 2013

Confiança






Os acontecimentos desportivos são uma fonte inesgotável de exemplos, entre outras coisas, dos comportamentos humanos. Há-os para todos os gostos! De superação, de motivação, de potenciação das capacidades e também os outros…
Foi recentemente que um jogador, de origem africana, que joga no competitivo campeonato francês de futebol foi participante num episódio bem rocambolesco. A história reza que, já no decorrer da segunda parte, o referido jogador foi alvo de uma pretensa falta. Rebolou-se, queixou-se, gritou até que, passado pouco tempo, foi assistido pela equipa médica do clube em que joga. Tal foi a exuberância do atleta que o treinador ao fazer a leitura dos seus movimentos e do aparato, decidiu substituir o “desafortunado” jogador o mais rapidamente possível. Se depressa o pensou, mais rapidamente o executou.
Acontece que, entretanto, o protagonista da história ao aperceber-se, do que se estava a passar e do alheamento do treinador sobre a sua real situação, muito solícita e repentinamente se levantou da maca que tinha sido utilizada pelos bombeiros para o retirar do campo de jogo na sequência dos maus-tratos recebidos e começou a esbracejar e a reclamar com o treinador. Afinal de contas era seu objectivo beneficiar de uma penalização ao adversário por uma falta que, na realidade, nunca existiu. Por seu lado, o treinador, ao acreditar no comportamento do atleta, deixou de se focar no problema e partiu para a solução. Como pormaior final, acontece que, aquando da simulação a equipa do pretenso lesionado estava a vencer por 1-0 e acabou por perder 1-2, sofrendo os 2 golos no mesmo espaço de minutos.   

A confiança é um activo cada vez mais escasso e, talvez por isso, é muito valorizado.
Em quem você confia? Trata-se de uma escolha pessoal com a qual cada indivíduo se deve sentir confortável. E que lição nos pode dar o comportamento do jogador do exemplo supra? Espelha, não só a confiança que ele deposita em todos os elementos da equipa que integra; reflecte não só a confiança que os seus oponentes lhe merecem enquanto atleta; exterioriza não só um exemplo para os adeptos, mas principalmente ele próprio poder aquilatar da sua auto-confiança. Será que o fez?

A origem da palavra diz-nos quase tudo. Fides significava acreditar em absoluto sem que fosse necessário assinar um qualquer contrato. É desta origem que também podemos aquilatar sobre a fidelidade.    

sexta-feira, agosto 02, 2013

Ser Chef




Imagine-se, por momentos, na pele de um chef. E que é grego, estudou em Itália e decidiu viver em Portugal. Questões culturais à parte, é um autêntico banho de vivência gastronómica do sul da Europa. Mas perante uma mescla tão impregnada de vida em países “intervencionados” ou quase que contribuíram para a sua herança genética e experiência existencial, onde descobrirá este chef qualquer oportunidade profissional?  É que acabei de ler uma notícia (pelo menos mediático é) sobre um senhor de origem grega, Akis Konstantinidis, que decidiu pegar na tradição e qualidade conserveira portuguesa e fazer dela um produto gourmet através da criação de um menu específico. Há que tempo já não me dedicava ao francês!

Coloque-se na pele deste personagem. Tem de contar com os seus talentos e utilizar os seus recursos pessoais para formar uma verdadeira equipa (que, por exemplo, pode ser a sua família) na elaboração das receitas (que, por exemplo, pode estar relacionado com a apreciação das atitudes individuais e colectivas).

Assim, é alguém que, no exercício das suas funções, terá de aperceber-se quais os seus pontos fortes e saber delegar o que entende serem as suas limitações, mas também escolher uma equipa equilibrada e competente. Neste intrincado caleidoscópio de cores, sabores, cheiros, gostos que é constituído pela selecção de produtos que merecem a sua preferência, há que procurar a harmonia entre o “saber fazer” e os recursos disponíveis para servir quem esteja interessado nas suas prestações. E que complicado deve ser agradar a gregos e troianos!



E que semelhanças há entre este cenário imaginário, onde o chef, que pode muito bem ser você, tem e deve recorrer às suas valências e tirar partido da sua criatividade e capacidade de gestão dos recursos que tem ao seu dispor, e a nossa vida profissional e pessoal quotidiana? Ou seja, pode cada um de nós ser o gestor ou o líder que, por vezes, reconhecemos nos outros?



Claro que sim, a questão é querer e, para tal, é preciso acreditar. Talvez importe esclarecer duas pequenas/grandes questões:

- Qual a diferença entre um gestor e um líder?

- O que se obtém se nos ficarmos pelo “querer” e pelo “acreditar”?

Sobre a primeira importa esclarecer que o gestor, pretensamente, optimiza a utilização de recursos, o líder deve, consensualmente, também influenciar pessoas. Sem os outros não vamos a lado nenhum; já sobre a segunda, a acção revela-se fundamental para alcançar objectivos.



Apesar de se complementarem, não é aconselhável misturar os valores individuais que são referências únicas na orientação dos propósitos pessoais e as capacidades e interesses colectivos que devemos ter sempre presentes como bússola na apresentação das performances de equipa. Por isso, devemos saber o que queremos, pois só assim é viável compreender a nossa cooperação para que, conjugada com os esforços e determinação alheias, possamos atingir os desejos do todo.

Por isso lhe proponho, seja o seu próprio líder! Enquanto humanos e, numa primeira instância, por vezes esquecemo-nos de nós próprios e, noutras ocasiões, de que somos seres eminentemente sociais. Parece-me inequívoco que, para além de manter uma liderança com o exterior, é também nuclear aprimorar uma relação salutar connosco mesmos. Não, não! Não creiam naquela ideia de que só aos outros é que acontece. Há que estar atento e desperto para qualquer eventualidade. É por isso que, algumas vezes, se faz eco de que “homem prevenido vale por dois!”. Vamos então tentar procurar a harmonia pessoal e o equilíbrio relacional com os outros.      



Somos detentores de 4 energias diferenciadas, mas complementares e integrativas: física, mental, emocional e espiritual.

Todas se influenciam e espelham a forma como interagimos com o mundo exterior, através dos nossos cinco sentidos, bem como transmite a nossa relação intrapessoal através dos pensamentos, imaginação, neurónios. É por isso que, após um desgaste inusitado de energia, sentimos uma necessidade premente de reposição da mesma. É assim quando nos confrontamos com a resolução de problemas, tomadas de decisões ou após uma situação que requereu um controlo emocional. Os índices de exaustão, ao serem reconhecidos, devem supor um baixar o ritmo e uma consciencialização de que é nefasto insistir ou tentar manter os níveis de eficácia, pois estes reduzem de forma significativa.



Daqui decorre que termos respeito por nós próprios também é importante para conseguirmos manter níveis satisfatórios de bem-estar. E o que é isto de respeito? Respicere (latim – olhar para trás) está na sua génese. Alicerçados nesta base, devemos olhar-nos ao espelho e observar, atentamente, o que vemos. Aquilo que gostamos de ver nesse mesmo reflexo é o que nos deve guiar na relação que mantemos com os outros; o que não nos agrada de sobremaneira, deverá ser o ponto de partida para uma mudança comportamental que nos permita alcançar a harmonia pessoal e, consequentemente, com quem nos rodeia. No fim de contas, contagiar alterando atitudes e mobilizando aqueles com quem trabalhamos ou vivemos, tornando-nos uma referência ou um modelo de comportamentos positivos.



A adicionar a este rol de condicionantes há que assumir responsabilidade pelos nossos actos. Responsabilidade é a resposta + habilidade que temos ao dispor para de uma forma competente conseguirmos corresponder aos desafios pessoais e profissionais.



Como de “pão para a boca” hoje é claro que a relações inter sociais, para além de serem reconhecidas como um factor básico de sã sobrevivência, são determinantes no sucesso e no bem-estar do indivíduo.



Por último, mas não por ser menos importante, mas antes para não alongar mais o texto, é fundamental “calçar os sapatos dos outros”, ou seja, colocarmo-nos no seu lugar. Sem conclusões antecipadas e sem processos críticos de vidência, utilizar toda a nossa capacidade de audição para com quem nos rodeia. 


Depois diga-me qual foi o feed back depois de utilizar estes ingredientes na sua receita! Até breve.      


quinta-feira, junho 20, 2013

Sabe quem foi Vilfredo Pareto?





Ilustre economista e sociólogo do século XIX encontrou confirmação para o seguinte: 80% da riqueza italiana estava concentrada em somente 20% da população. Que cenário tão diferente hoje em dia!! 
Com o andar dos anos e através da experiência adquirida em diversas áreas das ciências em que Pareto se tornou mestre, este rácio inicial teve aplicação e confirmou-se como adequado em muitos e diversos cenários e âmbitos.

E o que tem este axioma a ver com o nosso dia a dia? A economia comportamental induz-nos a escolher a via mais fácil e rápida para atingir o que desejamos. Não, não é por uma questão de preguiça. É que o organismo está inclinado a “trabalhar” para despender o mínimo de energia possível para alcançar o que se propõe. É também uma estratégia de sobrevivência humana. Por que razão fará sentido gastar recursos que muito provavelmente irão ser necessários futuramente? É um género de troika interna!

Assim, dos resultados que obtemos, uma significativa percentagem deles tem origem em atitudes de cariz automático apesar de serem atingidos com uma reduzida percentagem dos atributos e possibilidades que temos ao nosso alcance. Importa aqui também aferir que a importância dos hábitos adquiridos é tal (em nome da redução do esforço) que uma fatia relevante das pessoas não dá a devida atenção à necessidade imperiosa de preservar o bem-estar físico e psicológico. Isto fruto de um sem numero de atitudes robotizadas para as quais contribuíram decisivamente a herança genética e o meio ambiente envolvente. Desde muito cedo nos foram incutidos modelos de actuação que acabaram por se tornar padrões comportamentais. Na rotina diária podemos ter diversos exemplos básicos que, com o crescimento, se vão repercutir como forma de estar para as mais diversas situações. Recordem-se das experiências relacionadas com os hábitos alimentares, com os hábitos de exercício, com os hábitos de leitura, com os hábitos de higiene, com os hábitos de lazer. É que o cérebro tem uma base de dados que dá pelo nome de gânglios basais que registam tudo. São uma espécie de big brother interno. Após executado o registo, tudo se processa com base nas directrizes antes praticadas e tidas como boas. Mudar estas "impressões" é, na maioria dos casos, viável, mas bem difícil. O querer é nuclear!   

A adopção de um hábito terá, entre várias pretensões, o objectivo de mecanizar um determinado tipo de comportamento para que a sua repetida execução permita uma significativa poupança de energia, de modo a que esta possa ser utilizada para outras necessidades ou interesses. No início há um estímulo, uma “dica” que se nos revela atraente e que, consequentemente, terá consequências, resultados que se esperam positivos. Todos nós ansiamos por recompensas, gratificações! Mas é sempre isto que obtemos quando praticamos as rotinas adquiridas? Ora reflicta um pouco sobre o seu dia a dia!

A força de vontade é um músculo que podemos accionar quando o pretendermos. Assim o queiramos. Para ler um livro, para fazer exercício físico, para nos dedicarmos a uma actividade que nos motiva. Mas atenção! Não confundamos o hábito da auto-disciplina que faz desenvolver o músculo da força de vontade com a auto-motivação. Esta é integrada pela energia que nos impele à acção. Há influências intrínsecas e extrínsecas, mas devemos conhecê-las e compreende-las. Porquê? Só assim podemos orientar os objectivos pessoais para os nossos desejos. Como se de uma bússola se tratasse.
Não se esqueça que a mudança é permanente e considere-a como uma inevitabilidade e uma oportunidade de testar os seus limites. Crescer dói! 

quinta-feira, maio 30, 2013

Há segredo para o sucesso?

À medida que o mundo “pula e avança”, dia após dia, são conhecidas receitas, programas, livros e frases inspiradoras que, quase por magia, nos pretendem transportar ao sucesso. E mais representativas são as histórias que por vezes ouvimos que nos transferem para um misto de fascínio e, quase simultaneamente, nos remetem para o questionamento sobre “por que não eu?” 

Alguns exemplos:

“Early to bed, early to rise, work like hell and advertise" (deitar cedo, levantar cedo, trabalhar como o diabo e promover) – Ross Perot, multimilionário texano;

"Se hoje fosse o último dia da minha vida, quereria estar a fazer o que estou prestes a fazer hoje?" – de tão conhecida que é, era a pergunta motivacional que Steve Jobs se colocava quando, de manhã e ainda adolescente, se olhava ao espelho. Se a resposta fosse “não” ao longo de vários dias, era sabido que algo tinha de ser “reciclado”;   

"Todos precisamos de mudanças de tempos a tempos, porque se conseguirmos ver uma possibilidade de mudar a nossa vida, ver aquilo em que podemos tornar-nos e não apenas aquilo que somos, teremos sucesso!” – Oprah Winfrey;

Para o homem forte da Dell é o networking que está na base de tudo: "tenta nunca ser o mais esperto da sala. E se fores, muda de sala, porque as experiências mais compensadoras vêm sempre das nossas relações"; 

"Quando tiveres 80 anos e num momento de reflexão interior sobre a mais pessoal versão da tua história, a mais compacta e significativa será a série de escolhas que fizeste ao longo da vida. E, no fim, somos apenas escolhas, portanto escolhe construir uma grande história" – Jeff Bezos;

"Nunca ninguém conseguiu fazer milhões de dólares sendo cauteloso, tímido ou razoável" – Eli Broad;

Outros factores poderão ser importantes, tais como optimismo, resiliência, talentos pessoais, perseverança, planeamento, definição de objectivos, determinação, agarrar as oportunidades, inovar, criar alternativas, aceitar o inesperado e …. mais alguns outros condimentos.  

Que características compõem o êxito? São inevitavelmente as mesmas para todas as pessoas?

Se cada um de nós detém um ADN único e ao longo da sua caminhada existencial o seu estado de espírito e as suas atitudes não se repetem, como podemos definir regras, mais ou menos fixas, para alcançar o que ambicionamos? Atrever-me-ia a sugerir que tal é impraticável. Basta estar um pouco atento aos diferentes pensamentos que antes descrevi! Cada um dos personagens acaba por atestar o que funcionou na sua própria experiência. E em que difere tal facto connosco? Em nada, literalmente em nada. É é bem mais fácil seguir os conselhos alheios do que me colocar em causa e olhar-me ao espelho para falar comigo próprio, de uma maneira assertiva e sincera. Não, não tenha receio, ninguém vai reparar e dizer “olha, deu em doida/o!”.
A maioria dos nossos comportamentos diários decorre de hábitos adquiridos. Foram-nos ensinados e, cada um de nós ao seu jeito, treinou-o e pratica-o o melhor que sabe e consegue. Mas vamos admitir que, neste processo mecanizado há algo que nos incomoda. Altera o procedimento? Ou continua na mesma? Dependendo dos casos, os dois cenários serão possíveis. Agora vamos imaginar que aquilo que faço resulta na perfeição para comigo e que, os que me rodeiam, reconhecem essa mesma excelência. Será que estarei diante da fórmula ideal e que não dou por ela?

Estudos demonstraram que o QI só é diferenciador em tarefas e/ou processos de cariz cognitivo em que a perícia especializada é adquirida e requerida.
A excelência e a exclusividade são apanágio do esforço e da entrega na prática por períodos médios de 10 mil horas, sim 10.000, o que pode equivaler a 7 a 9 anos de treino. A inteligência de nada vale se se não for dedicado.
Há muito mais gente inteligente do que gente “única”!     

Desafio-a/o a fazer um trabalho de bricolage interno. Está disposta/o?
Imagine que vai ao ginásio para exercitar o seu corpo; faça de conta que se vai reunir com as pessoas que mais gosta e tem de estar no seu melhor; pense num qualquer momento que lhe causa prazer para se inspirar.

Em 1º lugar seleccione 5 características que entende serem pré-requisitos para alcançar o sucesso. Estas características deverão devem ser independentes e deverá sentir que consegue avaliá-las através de algumas perguntas factuais.
De seguida, faça uma lista dessas perguntas para cada característica. Pense como a irá pontuar, numa escala de 1 a 5, em que 5 é o patamar excelente. A informação relativa à medição de uma característica deve ser realizada independentemente e, sempre, antes de avançar para uma próxima pontuação. Não ande aos saltos!
Por último, some as pontuações. Resolva firmemente que optará por aquela característica que obteve a pontuação final mais elevada, mesmo que haja outras possibilidades.        

Será que a “característica” tem correspondência com algum dos seus talentos?

Nota a destacar: não se esqueça que o sucesso não se consegue sozinho e que também deve ter em atenção os interesses alheios. 

terça-feira, abril 30, 2013

Racional ou Inconsciente?



Já se deu conta de que as suas tomadas de decisão são maioritariamente inconscientes?  Veja o video! Houve até quem já me tivesse dito que eu estava a fazer batota e tinha trocado o video!

Quantas vezes é que, por um qualquer motivo, decide fazer algo e que acaba por se zangar consigo mesma/o pelos resultados obtidos? Parece mais um acto auto recriminatório.

Por que razão nos propomos a decidir consistentemente na procura de alcançar metas que nos proporcionam prazer e os resultados obtidos e as consequências das nossas atitudes não vão ao encontro desse desejo?

Já o fundador da chamada psicologia moderna, William James, referia que a nossa realidade é constituída pelos elementos aos quais dedicamos mais atenção. Ora, se não nos damos conta do que nos rodeia, há quem se aproveite dessas circunstâncias. É o que os especialistas do marketing fazem! Acabam por investigar e analisar o comportamento humano para o influenciar e condicionar.
Aquilo que, propositada ou despropositadamente, não controlo, alguém o fará por mim.
É através desta "fragilidade" humana que também as ciências políticas e, por sua vez, os politicos induzem e seduzem os seus concidadãos.

Um pequenino exemplo pode ser visto todos os dias nos supermercados. Enquanto o cliente aguarda na fila para fazer o pagamento das suas compras, existem uma série de produtos a preços baixos, de fácil acomodamento e apelativos ao consumo. O simples facto de sermos confrontados com um "miminho" atrai-nos!

Numa célebre experiência dos anos 70 do século passado, um cientista e investigador norte-americano juntou um grupo de alunos numa sala de aula.
O propósito era dar-lhes a provar uma pequena guloseima. No entanto, aqueles que resistissem durante um periodo mínimo de 15 minutos sem a comer, seriam premiados com mais uma guloseima. O espaço acabou por ser filmado logo após o professor ter dado as instruções e ter abandonado a sala pelo periodo combinado.
Esta experiência comprovou, anos mais tarde, que as crianças que resistiram à tentação acabaram por ter vidas académicas mais promissoras e, posteriormente, percursos profissionais de maior sucesso.

Como todos já reparámos, apesar das atitudes inconscientes, nem todas as decisões nem todos os resultados são negativos. Porventura, um factor aleatório acaba por ter uma preponderância que nem sempre se coaduna com o que conscientemente valorizamos.       

sexta-feira, abril 12, 2013

Precisa de um coach?



São hoje cada vez mais comentados e abordados os temas relacionados com um estilo de vida saudável através da prática de exercício físico e de uma alimentação equilibrada. Todos nós procuramos, uns mais do que outros, esse tipo de informação como se fosse o último e único recurso disponível para adquirirmos o bem-estar tão desejado. Afinal de contas, o que está em causa é uma mudança comportamental que, a ser concretizada, permitirá a cada um de nós alcançar o tão almejado éden.

Numa 1ª instância o indivíduo deve estar disponível para participar e contribuir decisivamente para uma verdadeira evolução e descartar a possibilidade de aceitar uma estagnação. Quer mesmo trilhar um novo caminho que, não só física mas também mentalmente, transforme o que se é hoje naquilo que cada sempre quis ser?

A vida é um jogo e os resultados que obtivermos estão dependentes dos riscos que corrermos. Habitualmente, quanto maiores estes são, maiores serão as recompensas. Mas não nos iludamos! Nada acontece sem esforço ou trabalho. Quando obtemos benefícios sem empenho, alguma coisa está mal. Há aliás uma máxima que há já muito tempo ouvi quando fazia a minha prática desportiva que resume esta revelação: no pain, no gain. Se assim não fosse qual seria o sabor de degustar o prazer obtido? Tudo pareceria fácil e não havia uns poucos iluminados que fazem parte desse lote de eleição. Não quer fazer parte dessa equipa?

Resumindo há benefícios mas também há custos. À laia de mnemónica diria que um risco calculado e um custo equilibrado possibilitarão um benefício alocado.
É aqui que entra o Coach. Sendo uma abordagem preferencialmente centrada na pessoa, esta temática valoriza o papel individual não desprezando a importância que este tem na sua inserção com o colectivo. Tal como anteriormente já foi anunciado, é requerida uma modificação comportamental que tem certamente consequências a nível fisiológico, social e anímico (origem etimológica é a mesma de alma). Trata-se da aquisição de uma nova consciência que potenciará uma diferente dimensão do ser humano. É hoje conhecida uma diversidade de abordagens de Coaching: executivo, vida, nutricional, desportivo….
Será que esta variedade e redimensionamento têm algo a ver com a sua contribuição em casos já reconhecidos?  

Assim, o cochee (cliente) é encarado como um agente activo no processo de mudança e o coach é um parceiro, um orientador para aquilo que há de originar novos comportamentos que farão a diferença entre a vida que se vive e a que se quer viver. Estes efeitos perdurarão no tempo, pois o coachee ao adquirir estes novos hábitos não mais os vai querer deixar!

Hoje em dia, estes assuntos que foram tabu durante uma série de anos, já são considerados como positivos e importantes, quer pela ciência, quer pelos mais variados agentes de áreas ligadas à saúde convencional.

Pense para si mesma/o sobre o que gostaria de mudar? Você é única/o! Não tenha medo de si! Atreva-se!   

Conheça a sua verdadeira essência!

segunda-feira, março 25, 2013

Conselhos…quem os dá?








Acontece que, por vezes e sem nos darmos conta, estamos a zurzir “como fazer”, “como pensar”, “como dizer” aos ouvidos dos outros. Em resposta ou à laia de observação podemos receber em troca “lá estás tu com a mania dos sermões!” ou "tens a mania que sabes tudo?".
Já reparou que a ser o próprio a tomar essa iniciativa a sua pretensão de aproximação e de auxílio se transforma exactamente na situação oposta. Por que será?  

Os conselhos só se devem dar se alguém nos pedir ou em casos que a necessidade de ajuda se torna de tal forma evidente e relevante que há que actuar. É esta máxima que utilizamos quotidianamente? A maior parte das vezes não!
Nos mais variados escaparates encontramos, com muita facilidade, “x estratégias para ser feliz”, “como emagrecer”, “modelo para alcançar o sucesso profissional” e “receitas de liderança”. Estes podem ser supostos títulos de livros ou slogans de artigos televisivos com o intuito de nos divulgarem e ajudarem ao nosso bem-estar.
Porém, acontece que os dias vão passando, as semanas consumidas e os resultados não nos assistem.

Genericamente, a dúvida connosco não existe, mas fazemos sempre a tentativa de nos reconhecer dizendo a quem nos rodeia como o devem fazer. E as nossas dicas e soluções são infalíveis!? São, como os dizeres populares nos ensinaram, vai por mim que eu não te engano. Mesmo desde pequeninos ouvimos “se não comes a sopa toda….”. Depois comemos a sopa toda e o que acontece? As tácticas milagrosas quase nunca funcionam. Por que será? Não há nada a fazer?

É mais fácil mudar o meio ambiente que o nosso íntimo. Olharmo-nos ao espelho é um exercício pessoalmente benéfico bem como pode originar reforçadas e positivas energias interpessoais. Como alternativa à possibilidade de decidirmos propor “como fazer”, “como ser” ou “como se comportar”, por que não criar o espaço e o tempo para que a outra pessoa interprete que a experiência por que está a passar poderá requerer ajuda externa? Não é que o próprio não tenha recursos, antes pelo contrário. Os resultados aparecerão certamente, exactamente porque os meios existem; a questão relaciona-se em como e quando utilizá-los. De uma forma simplista, há que equacionar estratégias orientadoras sobre a autonomia do outro, o desenvolvimento de competências e o compromisso individual para com os objectivos definidos. Estes processos deverão, finalmente, ser alvo de avaliações.

Numa primeira etapa (autonomia) é desaconselhada a imposição ou o controlo dos acontecimentos. Não significa isto que se avance para uma situação de laisser faire laisser passer, mas antes ponderar e equacionar opções que se enquadrem, mais nos interesses do que nas necessidades, da outra pessoa. Há que ser positivo nas escolhas!
Pergunte-se: porque motivo (motivação) certa e determinada escolha é importante? Que benefícios face ao contexto actual?
Em vez de explanar os padrões pessoais no formato de conselho é possível e preferível auxiliar na orientação de alternativas que se coadunem com os desejos do outro na procura do bem-estar pessoal. Desta forma são os padrões dele que são respeitados, não significando isso que quem ajuda se descredibilize. Antes pelo contrário!      

Apoiar e colaborar na experimentação permite que a escolha seja sustentada na realidade pessoal. Voltando à infância, quantas e quantas vezes somos condicionados ou, por iniciativa própria optamos por dizer “não quero” ou “não gosto” sem se quer ter noção da prática. O condicionamento extrínseco remete-nos para a insegurança e o retraimento perturba-nos a auto-confiança através de uma atitude com peso negativo e, por vezes, arrogante.
Sugere-se a criação de um contexto que facilite o desenvolvimento de competências, a clareza de expectativas, um ambiente de coerência, um reforço de determinação e consistência e, last but not least, uma partilha de resultados através de feedback.              

sexta-feira, março 08, 2013

Dejà vú





 
                                                                                                   


Este desenho, se correctamente dimensionado, pode corresponder a uma ilusão. Ao tentar medir o comprimento da linha recta e se esta tiver equivalência, em ambos os casos, podemos constatar que a sua extensão é equivalente, mas que, ao mesmo tempo, somos assaltados por uma determinada oscilação sobre a veracidade da afirmação. É de fácil dedução que tal facto acontece por simplesmente estarmos perante a adição de extremidades de sentidos opostos. É uma ilusão?

Transposta esta situação para o nosso quotidiano e assumindo que a 1ª linha é uma experiência adquirida e que a 2ª é uma reposição, constatamos que todos os dias nos confrontamos com recordações de acontecimentos. E como acabamos por reagir? Na maioria dos casos, sustentados na informação retida em acontecimentos anteriores e semelhantes às que, por agora, assistimos ou nos envolvemos. Acabamos por comparar sensações de lembranças com ocorrências mais recentes, como se de um rebobinar se tratasse. Uma música romântica que toca num qualquer posto de rádio, a menção ao nome de uma pessoa de quem gostámos, a revisão de um filme que nos marcou à data que vimos a apresentação inicial.

Mas a memória humana tem que se lhe diga, ou seja, a sua organização é interessante e requer atenção. Para começar podemos destacar os 3 principais processos:

- Codificação – registo experimental;
- Armazenamento – onde são guardadas as recordações;
- Reactivação – como recuperamos a informação da memória.

Mas até o próprio armazenamento não é linear. Já está e pronto! Não é bem assim.
Este processo pode realçar 3 tipos:

- Sensorial – os sentidos produzem uma cópia do estímulo;
- Curto prazo – há quem também lhe chame memória de trabalho. Diz respeito à quantidade de informação que o indivíduo consegue armazenar. Tendemos a dar relevo aos itens que estão no início ou no fim de uma lista ou sequência. A título de exemplo podemos referir as matrículas dos automóveis, os nºs de telefone ou telemóveis, os nomes dos filmes que temos interesse em ver;
- Longo prazo – tudo aquilo que nos lembramos por mais de 1 minuto (à semelhança da memória de curta duração também esta tem 3 tipos distintos).

É a memória de longa duração na sua vertente episódica (recordação de experiências) que nos distingue dos outros mamíferos. 

E o extraordinário é que o cérebro está construído de forma em que as situações e as emoções do passado estão impressas em "departamentos" diferentes. Desta forma, os nossos comportamentos podem serem afectados somente por lembranças de cariz emocional, pois foi essa a marca que decidimos dar mais atenção em detrimento dos outros pormenores da ocorrência.

Todos nos confrontamos diariamente com a transposição de dados informativos para as situações que estamos a experimentar no momento. No entanto, na maioria dos casos reagimos e, para além de reagirmos, assumimos a dor ou o prazer passados como realidades presentes e como base das expectativas futuras que nos irão afectar negativa ou positivamente. Será que vivemos quase em permanente ilusão? Não podemos confiar nas nossas recordações! 

terça-feira, janeiro 29, 2013

O erro





Foi num recente e interessante artigo de jornal que retirei os seguintes argumentos:

“Na aeronáutica, usa-se o erro sem culpa, reporta-se o erro no sentido de o evitar. Na medicina, esconde-se o erro e tenta-se arranjar desculpas para não o relatar” e

“É preciso promover a comunicação entre todos num bloco operatório, dando uma uniformidade de linguagem aos elementos da equipa, à semelhança do que também acontece na aviação”.

Vêem estas declarações no âmbito de uma parceria estabelecida entre comandantes de uma companhia aérea e profissionais de saúde ligados às especialidades cirúrgicas. O objectivo era que médicos, enfermeiros e restante pessoal ligado à área da saúde fomentassem e compreendessem procedimentos e comportamentos dos pilotos de aviões no desempenho da sua actividade profissional e tentassem transferi-los para os blocos operatórios. Obviamente tendo em conta as devidas e necessárias adaptações.
Resta acrescentar que a probabilidade de morte decorrente de uma ocorrência num acto cirúrgico é de 1 para 100 e a morte num acidente de aviação é de 1 para 10 milhões.
Porque é que a vida, em diferentes circunstâncias e contextos, tem mais ou menos importância? Até pela própria comparação de preços entre uma operação e uma qualquer viagem de avião!

Recordo-me, quando criança, que na escola primária havia uma tarefa semanal que pura e simplesmente me tirava do sério. Todos os sábados (dia que frequentávamos só de manhã as instalações) os alunos teriam de recitar uma pequena poesia que, em termos médios, seria mais ou menos composta por 12/16 versos. A memorização total implicava passar incólume a uma penalização de uma reguada por cada verso não decorado. Havia quem, semana após semana, não decorasse nada! Errar, em qualquer cenário, contexto ou circunstância não era tolerado. Mas ninguém se questionava sobre se o método utilizado alcançava os objectivos ou se os resultados eram contrários à compreensão do objecto de estudo, fosse ele qual se pretendesse que fosse!
Será que, hoje em dia, se passou de um extremo para o outro sem que houvesse preocupação de experimentar o meio-termo? Segundo a sabedoria popular é aí que reside a virtude!

Partamos do pressuposto que ninguém, na posse de todas as normais faculdades mentais e físicas, actuará de uma forma auto-punitiva. Faz sentido? Alguém pode ter atitudes menos aconselháveis para com terceiros, mas como reflexo de estados emocionais mais ou menos ponderados. A perspectiva consciente e inconsciente também influencia, e de que maneira, essas mesmas repercussões.

Quando um erro acontece, na maioria das vezes, decorre de um risco que alguém, numa tomada de decisão, entendeu assumir. No fim de contas, a assumpção de um risco espelha a confiança que o individuo deposita em si mesmo ou noutra pessoa.
Como quase em todas as situações de vida, há 2 faces para uma mesma moeda, ou seja, uma versão positiva e outra menos boa. Depende da perspectiva com que cada um de nós quer encarar a situação. No 1º caso, o mais provável é que, numa próxima tentativa, os resultados esperados sejam melhores, partindo do princípio que a falha não será repetida e que houve uma análise e avaliação sobre o que correu menos bem.
É na constante focalização nos resultados positivos que as pessoas se motivam e estimulam para o crescimento. Para que isso aconteça, o erro não pode nem deve ser desperdiçado como factor de desenvolvimento e prazer.
Já no 2º caso, a tendência habitual é para desperdiçar energia, criticando e responsabilizando os outros, quer pelo que fizemos ou não fizemos, quer pelo que devíamos ter feito e pelo que não devíamos ter feito.

Que diferença pode fazer “Não percebes que não é assim..!” ou “Certamente que alcançaste um resultado satisfatório, mas já pensaste em fazer desta maneira?”