sexta-feira, agosto 02, 2013

Ser Chef




Imagine-se, por momentos, na pele de um chef. E que é grego, estudou em Itália e decidiu viver em Portugal. Questões culturais à parte, é um autêntico banho de vivência gastronómica do sul da Europa. Mas perante uma mescla tão impregnada de vida em países “intervencionados” ou quase que contribuíram para a sua herança genética e experiência existencial, onde descobrirá este chef qualquer oportunidade profissional?  É que acabei de ler uma notícia (pelo menos mediático é) sobre um senhor de origem grega, Akis Konstantinidis, que decidiu pegar na tradição e qualidade conserveira portuguesa e fazer dela um produto gourmet através da criação de um menu específico. Há que tempo já não me dedicava ao francês!

Coloque-se na pele deste personagem. Tem de contar com os seus talentos e utilizar os seus recursos pessoais para formar uma verdadeira equipa (que, por exemplo, pode ser a sua família) na elaboração das receitas (que, por exemplo, pode estar relacionado com a apreciação das atitudes individuais e colectivas).

Assim, é alguém que, no exercício das suas funções, terá de aperceber-se quais os seus pontos fortes e saber delegar o que entende serem as suas limitações, mas também escolher uma equipa equilibrada e competente. Neste intrincado caleidoscópio de cores, sabores, cheiros, gostos que é constituído pela selecção de produtos que merecem a sua preferência, há que procurar a harmonia entre o “saber fazer” e os recursos disponíveis para servir quem esteja interessado nas suas prestações. E que complicado deve ser agradar a gregos e troianos!



E que semelhanças há entre este cenário imaginário, onde o chef, que pode muito bem ser você, tem e deve recorrer às suas valências e tirar partido da sua criatividade e capacidade de gestão dos recursos que tem ao seu dispor, e a nossa vida profissional e pessoal quotidiana? Ou seja, pode cada um de nós ser o gestor ou o líder que, por vezes, reconhecemos nos outros?



Claro que sim, a questão é querer e, para tal, é preciso acreditar. Talvez importe esclarecer duas pequenas/grandes questões:

- Qual a diferença entre um gestor e um líder?

- O que se obtém se nos ficarmos pelo “querer” e pelo “acreditar”?

Sobre a primeira importa esclarecer que o gestor, pretensamente, optimiza a utilização de recursos, o líder deve, consensualmente, também influenciar pessoas. Sem os outros não vamos a lado nenhum; já sobre a segunda, a acção revela-se fundamental para alcançar objectivos.



Apesar de se complementarem, não é aconselhável misturar os valores individuais que são referências únicas na orientação dos propósitos pessoais e as capacidades e interesses colectivos que devemos ter sempre presentes como bússola na apresentação das performances de equipa. Por isso, devemos saber o que queremos, pois só assim é viável compreender a nossa cooperação para que, conjugada com os esforços e determinação alheias, possamos atingir os desejos do todo.

Por isso lhe proponho, seja o seu próprio líder! Enquanto humanos e, numa primeira instância, por vezes esquecemo-nos de nós próprios e, noutras ocasiões, de que somos seres eminentemente sociais. Parece-me inequívoco que, para além de manter uma liderança com o exterior, é também nuclear aprimorar uma relação salutar connosco mesmos. Não, não! Não creiam naquela ideia de que só aos outros é que acontece. Há que estar atento e desperto para qualquer eventualidade. É por isso que, algumas vezes, se faz eco de que “homem prevenido vale por dois!”. Vamos então tentar procurar a harmonia pessoal e o equilíbrio relacional com os outros.      



Somos detentores de 4 energias diferenciadas, mas complementares e integrativas: física, mental, emocional e espiritual.

Todas se influenciam e espelham a forma como interagimos com o mundo exterior, através dos nossos cinco sentidos, bem como transmite a nossa relação intrapessoal através dos pensamentos, imaginação, neurónios. É por isso que, após um desgaste inusitado de energia, sentimos uma necessidade premente de reposição da mesma. É assim quando nos confrontamos com a resolução de problemas, tomadas de decisões ou após uma situação que requereu um controlo emocional. Os índices de exaustão, ao serem reconhecidos, devem supor um baixar o ritmo e uma consciencialização de que é nefasto insistir ou tentar manter os níveis de eficácia, pois estes reduzem de forma significativa.



Daqui decorre que termos respeito por nós próprios também é importante para conseguirmos manter níveis satisfatórios de bem-estar. E o que é isto de respeito? Respicere (latim – olhar para trás) está na sua génese. Alicerçados nesta base, devemos olhar-nos ao espelho e observar, atentamente, o que vemos. Aquilo que gostamos de ver nesse mesmo reflexo é o que nos deve guiar na relação que mantemos com os outros; o que não nos agrada de sobremaneira, deverá ser o ponto de partida para uma mudança comportamental que nos permita alcançar a harmonia pessoal e, consequentemente, com quem nos rodeia. No fim de contas, contagiar alterando atitudes e mobilizando aqueles com quem trabalhamos ou vivemos, tornando-nos uma referência ou um modelo de comportamentos positivos.



A adicionar a este rol de condicionantes há que assumir responsabilidade pelos nossos actos. Responsabilidade é a resposta + habilidade que temos ao dispor para de uma forma competente conseguirmos corresponder aos desafios pessoais e profissionais.



Como de “pão para a boca” hoje é claro que a relações inter sociais, para além de serem reconhecidas como um factor básico de sã sobrevivência, são determinantes no sucesso e no bem-estar do indivíduo.



Por último, mas não por ser menos importante, mas antes para não alongar mais o texto, é fundamental “calçar os sapatos dos outros”, ou seja, colocarmo-nos no seu lugar. Sem conclusões antecipadas e sem processos críticos de vidência, utilizar toda a nossa capacidade de audição para com quem nos rodeia. 


Depois diga-me qual foi o feed back depois de utilizar estes ingredientes na sua receita! Até breve.