segunda-feira, março 25, 2013

Conselhos…quem os dá?








Acontece que, por vezes e sem nos darmos conta, estamos a zurzir “como fazer”, “como pensar”, “como dizer” aos ouvidos dos outros. Em resposta ou à laia de observação podemos receber em troca “lá estás tu com a mania dos sermões!” ou "tens a mania que sabes tudo?".
Já reparou que a ser o próprio a tomar essa iniciativa a sua pretensão de aproximação e de auxílio se transforma exactamente na situação oposta. Por que será?  

Os conselhos só se devem dar se alguém nos pedir ou em casos que a necessidade de ajuda se torna de tal forma evidente e relevante que há que actuar. É esta máxima que utilizamos quotidianamente? A maior parte das vezes não!
Nos mais variados escaparates encontramos, com muita facilidade, “x estratégias para ser feliz”, “como emagrecer”, “modelo para alcançar o sucesso profissional” e “receitas de liderança”. Estes podem ser supostos títulos de livros ou slogans de artigos televisivos com o intuito de nos divulgarem e ajudarem ao nosso bem-estar.
Porém, acontece que os dias vão passando, as semanas consumidas e os resultados não nos assistem.

Genericamente, a dúvida connosco não existe, mas fazemos sempre a tentativa de nos reconhecer dizendo a quem nos rodeia como o devem fazer. E as nossas dicas e soluções são infalíveis!? São, como os dizeres populares nos ensinaram, vai por mim que eu não te engano. Mesmo desde pequeninos ouvimos “se não comes a sopa toda….”. Depois comemos a sopa toda e o que acontece? As tácticas milagrosas quase nunca funcionam. Por que será? Não há nada a fazer?

É mais fácil mudar o meio ambiente que o nosso íntimo. Olharmo-nos ao espelho é um exercício pessoalmente benéfico bem como pode originar reforçadas e positivas energias interpessoais. Como alternativa à possibilidade de decidirmos propor “como fazer”, “como ser” ou “como se comportar”, por que não criar o espaço e o tempo para que a outra pessoa interprete que a experiência por que está a passar poderá requerer ajuda externa? Não é que o próprio não tenha recursos, antes pelo contrário. Os resultados aparecerão certamente, exactamente porque os meios existem; a questão relaciona-se em como e quando utilizá-los. De uma forma simplista, há que equacionar estratégias orientadoras sobre a autonomia do outro, o desenvolvimento de competências e o compromisso individual para com os objectivos definidos. Estes processos deverão, finalmente, ser alvo de avaliações.

Numa primeira etapa (autonomia) é desaconselhada a imposição ou o controlo dos acontecimentos. Não significa isto que se avance para uma situação de laisser faire laisser passer, mas antes ponderar e equacionar opções que se enquadrem, mais nos interesses do que nas necessidades, da outra pessoa. Há que ser positivo nas escolhas!
Pergunte-se: porque motivo (motivação) certa e determinada escolha é importante? Que benefícios face ao contexto actual?
Em vez de explanar os padrões pessoais no formato de conselho é possível e preferível auxiliar na orientação de alternativas que se coadunem com os desejos do outro na procura do bem-estar pessoal. Desta forma são os padrões dele que são respeitados, não significando isso que quem ajuda se descredibilize. Antes pelo contrário!      

Apoiar e colaborar na experimentação permite que a escolha seja sustentada na realidade pessoal. Voltando à infância, quantas e quantas vezes somos condicionados ou, por iniciativa própria optamos por dizer “não quero” ou “não gosto” sem se quer ter noção da prática. O condicionamento extrínseco remete-nos para a insegurança e o retraimento perturba-nos a auto-confiança através de uma atitude com peso negativo e, por vezes, arrogante.
Sugere-se a criação de um contexto que facilite o desenvolvimento de competências, a clareza de expectativas, um ambiente de coerência, um reforço de determinação e consistência e, last but not least, uma partilha de resultados através de feedback.