quinta-feira, novembro 29, 2012

A força e dimensão do sub e do inconsciente




Foi durante esta semana que me ocorreu escrever este texto depois de ter programado uma máquina de exercício para 28 minutos. Habitualmente aquele tipo de prática faço-a durante 20 minutos, mas, por distracção, acabei por registar mais 8 minutos. Quando me apercebo, desde logo comecei a maquinar sobre como iria cumprir o que habitualmente é cumprido. Mas, quase como sem dar por isso, dava comigo a criar uma ilusão. Mesmo assumindo que pararia a actividade quando faltassem 8 minutos, foi com insistência que desisti de pensar que programar os 28 minutos e parar o exercício aos 8 não fazia diferença da prática normal.   
Imagine que pensou durante o fim-de-semana que na próxima segunda-feira, 1º dia útil, iria praticar a sua actividade física predilecta. Tal como vem acontecendo ao longo dos últimos anos, este ritual já faz parte de uma prática que se tornou inconsciente. Nem sempre é fácil, pois há dias em que a motivação parece ter desaparecido, mas o nosso querer aliado à força de vontade, desbloqueia a situação.
Mas nem todos já atingiram este patamar. Há pessoas que pelos mais variados (des)motivos se deixam envolver por uma espiral continuada de pensamentos sem consequências activas. Parece que não conseguem ultrapassar o km zero!
Na maior parte dos casos, estamos perante uma questão de auto-disciplina por se tratar de alcançar objectivos pessoais e em que a avaliação e satisfação dos resultados obtidos são estabelecidas pelo próprio. Nesta perspectiva, é bastante relevante o estado psicológico do indivíduo bem como a atenção dedicada a estratégias motivacionais no alcance das metas a atingir. No imediato e, de uma forma inconsciente, o ser humano tende para a inércia no sentido de não despender energias desnecessariamente e obter prazer no mais curto espaço de tempo possível. Há que percepcionar os objectivos traçados num quadro evolucionista em que o esforço dispendido se torna directamente proporcional às emoções positivas pós-exercício. A zona de conforto vai alargando os seus limites e, de uma forma progressiva, vamo-nos sentindo mais capazes!         
É através da formatação e processamento de imagens que o cérebro humano mapeia o meio ambiente envolvente. Com base na reactivação de experiências anteriores, a memória apresenta-nos os diversos cenários pelos quais já passámos relembrando contornos, intensidade, cor, profundidade, dimensões e impacto emocional. São estas mesmas variáveis que se revelam fundamentais quando confrontados com alguma “novidade”. Já há alguma informação que permita ao cérebro algum termo de comparação? Se não, essa nova experiência pode revelar-se assustadora. Mas pode haver sempre outra opção! A de dar entrada em campo o desejo pessoal de superação e de activação e ligação das diversas áreas cerebrais que permitem que os neurónios sejam aliados nesse interesse de romper limites. É utilizando este mesmo tipo de recursos que o ser humano se permite manipular, imaginar e criar novos horizontes e dimensões sensoriais.       
É normal que entre os primeiros 3 a 6 meses de prática de exercício físico haja como que uma tentativa de desgaste, desinteresse, abandono,  pois é esta a média estatística que os estudos abonam. No entanto, às expectativas deverão adequar-se os resultados pretendidos que se deverão sobrepor a um qualquer sentimento de incapacidade ou frustração. Dê prioridade à sua estratégia de mudança através dos seguintes passos:
Ø      Quais os objectivos a atingir?
Ø      Que recursos necessito?
Ø      Quais os benefícios a retirar?
Ø      O que me motiva?
Ø      Planificação da acção para alcançar resultados;  
Ø      Avaliação periódica de resultados;
Ouça música revitalizante, visualize referências pessoais, parafraseie mantras que a/o incentivem, idealize paisagens, concretize cenários, mas faça com que a sua mente transforme o seu corpo numa fonte de prazer em vez de um fastidioso cansaço diário. Aquilo que, de início, pode parecer uma luta interna tornar-se-á num saudável hábito de coabitação mens sana in corpore sano.
Não é o dia a dia uma permanente combinação de utilização dos nossos atributos físicos com espaçadas contribuições da nossa experiência cognitiva? Se assim for, de uma forma inconsciente estamos sistematicamente a praticar actividade física que, na maioria dos casos, nos é “imposta”. Em nome do interesse pessoal dediquemos ao bem-estar pelo menos 1 simples hora num período de 24, numa versão una e coesa de simbiose corpo/mente.  E depois? Depois! É um não mais querer parar….. a criação de um hábito através da repetição sistemática irá patrocinar o que o organismo pede. Se sentir satisfação e relaxamento, apesar do inerente cansaço, porque não dar continuidade a uma actividade que nos integra e dá prazer?
Não se iluda, crescer dói! No pain, no gain. As amarras existem para serem quebradas.