terça-feira, julho 29, 2014

Cooperação





Cooperar. Operar conjuntamente. Em comunidade. Alcançar, com base na operacionalidade, objectivos comuns.
Um estudo espanhol, recente, tratou de avaliar as atitudes de cooperação das pessoas em consonância com as diferentes fachas etárias. Quando comparados com outros animais sociais, o ser humano é, genericamente, excepcionalmente cooperante. Deduziu esta amostragem uma particularidade: as pessoas mais idosas são mais cooperantes que os pré-adolescentes e adolescentes. Vejamos!
Todos nós nos relacionamos para daí retirarmos alguma vantagem. A maior parte das vezes, temos até tendência a negá-lo! Há um motivo que nos impele para a expectativa do benefício comum, apesar de em muitos casos estarmos perante pessoas com quem não nos relacionamos habitualmente. Atentemos em 2 experiências diferentes nas suas características.
A 1ª decorreu numa feira de jogos em que pouco mais de centena e meia de voluntários entre os 10 e os 87 anos foram distribuídos em função da idade. Os participantes, em grupos de 2 elementos, teriam, ao longo de 25 etapas de duração do jogo, de decidir se cooperavam ou não em determinada situação. Quando ambos cooperavam, os 2 jogadores recebiam um certo número de pontos; quando só um cooperava e o outro não, o 1º recebia menos que o 2º (é verdade, o cooperante era penalizado!); quando nenhum cooperava não havia pontos para ninguém. No final os pontos eram traduzidos em dinheiro e os voluntários pagos, sendo que eram os pais dos concorrentes menores que recebiam as recompensas. Os investigadores constataram que o comportamento dos mais novos era muito mais imprevisível do que os grupos etários mais idosos e que a sua decisão de cooperar, para além de mais volátil também era pautada por um maior condicionamento, ou seja, reagiam de acordo com as acções alheias, em vez de terem em consideração as próprias acções passadas. Foi também evidenciado o facto de os voluntários com mais de 65 anos serem mais propensos a cooperar. Em função destes dados os cientistas realçaram o facto de poder ser benéfico para a sociedade, para as empresas e, consequentemente, para o país considerar os grupos etários mais altos como exemplo de estratégias alternativas de cooperação e da obtenção de resultados mais satisfatórios.
A 2ª experiência decorreu numa escola com meia centena de crianças com idades compreendidas entre os 12 e 13 anos. Estas foram mais cooperativas do que as anteriores mas a instabilidade comportamental permaneceu.
Parece assim ficar a ideia que há uma componente evolutiva e cultural ao longo do ciclo da vida e que a tendência para colaborar pode ser aprendida e apreendida. Esta mesma propensão é reconhecida como inata em idades mais prematuras bem como fonte de desenvolvimento em idades já para além das fases adolescentes. No entanto, pode ser relevante e até interessante, haver a sensibilidade para despertar nas gerações mais jovens o encanto da empatia, por oposição à antipatia, e do altruísmo como forma de cooperação inter geracional. Parece por isto ser recomendável que, nas diversas estruturas societárias, não haja a tendência e/ou a tentação de discriminar sectores etários como mais ou menos capazes. Todos terão a capacidade de gerar mais-valias em função das suas experiências e competências. Há um desenvolvimento hierárquico que, com base no exemplo, deve ser respeitado e compreendido como fonte catalisadora de bem-estar. 

A cooperação é fundamental no trabalho de equipa, na comunicação, na aprendizagem, na escola, na família, nas inter relações, no ouvir atentamente, na resolução de conflitos...

“Temos de nos emprestar aos outros, mas apenas de nos darmos a nós mesmos" - Michel de Montaigne