Quem, em diversas e determinadas situações, já não
foi tomado pela necessidade de ser perfeccionista? Pois eu já! Talvez
até, sejam raras as situações em que durante o dia, por um ou outro
motivo, não “colidamos” com o querer ser perfeccionista!
Aliás, se bem aprendi com alguns contratempos, pude compreender que,
para meu gáudio ou para minha tristeza, a perfeição não existe. Passo a
explicar. Não que não tenham a capacidade de perceber, mas antes porque
poderei não ter sido suficientemente esclarecedor.
Ora aqui está um exemplo de uma atitude, porventura, perfeccionista? Ou
não? É tudo uma questão de perspectiva. São raras as vezes em que não
há mais do que 2 probabilidades de interpretação e percepção dos
acontecimentos. No entanto, não raras vezes, temos
tendência, perante as outras pessoas, a revelar e a enfatizar um
protagonismo por aquilo que pensamos, sentimos, dizemos e fazemos. Em
alguns casos até pode roçar o fanatismo! Depende daquilo que se trata.
Se acontece consigo, por que será?
Muitas vezes, os filhos mais velhos são alvo deste
“desejo”. Começam por ser uma ou um menino cheia de graça; depois os
níveis de perfeccionismo dos pais são transmitidos à filha/o em diversos
parâmetros: independentemente de serem correspondidos
os intuitos, a intenção é expressa nas habituais exigências dos deveres
académicos reflectidas em notas exemplares, na compostura perante os
outros e mais numas determinadas situações do que noutras, na higiene e
por aí adiante. Na maior parte das circunstâncias,
há que ser um espelho daquilo que é correcto, como se não houvesse uma
2ª via, quanto mais uma 3ª! E estes paradigmas continuam pela vida
adulta e serão aplicados como que por contágio.
Ainda recentemente ouvi um testemunho de alguém que, após um
workshop de Coaching, anunciava, algo incomodada, que,
somente depois de uma chamada de atenção alheia, se tinha apercebido que
automática e diariamente telefonava a uma familiar próxima. Segundo a
própria, uma significativa quantidade das conversas
tinha pouca substância, mas sobrepunha-se a “obrigação” ao genuíno
interesse de quem tinha o dever de corresponder. Isto já durava há 5
anos! Este exemplo para relatar que, nem sempre, o perfeccionismo é
auto-imposto. Não é em todas as circunstâncias que intentamos
redigir o melhor texto como se fosse viável ter acesso, numa específica
e determinada altura, a todas as palavras que naquele momento podem ser
as mais impactantes; elaborar um plano de trabalho que, desde a
primeira hora até à derradeira, não careça de ser
modificado; ter a preocupação de limpar o pó a toda a hora e a todo o
instante.
É possível alcançar a perfeição, quando o nosso
próprio estado de espírito não se repete, já para não falar no que nos
rodeia? A mudança, quer queiramos quer não, é um dado adquirido. Se não a
aceitamos de bom grado, ela vem ter connosco
como que por ricochete. Como não é aconselhável vivermos isolados, não
há como escapar ao efeito borboleta, analisado por Edward Lorenz em
1963. Se não somos nós, alguém o fará por nós! E a nossa satisfação está
intrinsecamente interligada com a possibilidade
e/ou o privilégio que temos de controlar seja o que for.
Em muitos casos, o perfeccionismo afecta a forma
como comunicamos; por sua vez, cada um de nós comunica aquilo que, na
maior parte das vezes, pensa e, consequentemente, age em conformidade.
Neste sentido e para que conscientemente possamos
retirar algum entulho da mochila que carregamos diariamente às costas,
convidava-os a confirmarem se algumas das hipóteses que se seguem
acontece:
Ø Para conseguir ganhar a aprovação alheia ou no medo que temos de que as pessoas nos achem desinteressantes ou pouco importantes, podemos comunicar de uma forma pouco assertiva e passiva;
Ø Concordar com os outros quando, na realidade, não queremos;
Ø Assumir tarefas quando preferíamos não as aceitar. A dificuldade clássica em não saber ou conseguir dizer “não”;
Ø Reagir defensivamente quando nos sentimos criticados e tal se pode confundir com agressividade.
Porventura, algo carece de revisão. Preste atenção à sua conversa interior e focalize-se no que pode fazer para modificar alguma sensação menos positiva. A auto-estima e a auto-confiança são fundamentais neste processo de harmonia.