Em muitos casos da nossa vida temos de actuar como
treinadores. Temos de tomar decisões. Aliás, muitas situações se
assemelham a circunstâncias de um qualquer jogo. Jogos de estratégia,
jogos de cartas e, por vezes até, os chamados “jogos
de sorte ou azar”. O que pode diferir entre eles é a influência que o
jogador pode ter no resultado final e a gestão entre a interferência da
razão e/ou da emoção. Contudo, é recomendável que ponderemos sobre os
prós e os contras. Mas será que o fazemos com
a frequência desejável?
Faço esta abordagem depois de recentemente ter
presenciado duas ocorrências que podem revelar muitos dos comportamentos
que a maior parte de nós tem no dia-a-dia. Começo por um 1º exemplo.
Numa faixa lateral de uma avenida relativamente
larga e fechada à circulação de automóveis, há uma ciclovia em que, no
chão, está bem sinalizada e em cores distintas, aliás como na maior
parte dos casos semelhantes, quem supostamente deve ser o utilizador ou
utilizadores da mesma. Apesar disso, um destes
dias constatei que há muito mais transeuntes a utilizá-la do que o
passeio propriamente dito, que lhe é adjacente e que é destinado aos
cidadãos para se deslocarem em segurança. Os ciclistas tilintam as
campainhas, chamam a atenção, barafustam, mas qual quê!
Acontece um pequeno desvio momentâneo para evitar o acidente, mas tudo
volta ao normal. Até um dia!
Num 2º caso, estava a almoçar com uma pessoa que
havia estacionado o carro perto do local onde nos encontrávamos. Hoje
por hoje, como na maior parte dos casos, as cidades estão inundadas de
parquímetros. O período pago de estacionamento
já se havia esgotado há 15 minutos. Como a pessoa que me acompanhou na
refeição não tinha a noção se os níveis de exigência dos fiscais,
daquela zona, era muito grande e apesar de habitualmente haver uma menor
probabilidade de penalização àquela hora, sugeri
que fosse colocar uma moeda de 50 cêntimos para prevenir qualquer
percalço. Sempre era mais barato do que ficar sujeito a uma multa! Pois
tive de insistir para que a pessoa se decidisse a fazer algo. Não se
passou nada de desagradável, mas entre a noção de
que poderia estar sujeito a um dissabor e a tomada de decisão, passaram
sensivelmente 15 minutos! O tempo suficiente para um qualquer agente
providenciasse uma prendinha.
Estes casos são meros exemplos do tipo de
comportamentos que, todos os dias, a generalidade das pessoas têm. Em
algumas circunstâncias os resultados podem ser, mais ou menos,
negativos; noutros as consequências podem ser positivas por mero
acaso. São aquelas em que ouvimos “tive cá uma sorte!”. Já reflectiu
sobre a frequência e intensidade com que este tipo de acontecimentos têm
lugar na sua vida? Será que, na maioria dos casos, sai “a ganhar”? E
que quantidade de vezes são
os outros que têm culpa do que está a acontecer? Que semelhança
estes exemplos têm com o que enfrenta quotidianamente, quer na sua vida
profissional quer no seu percurso pessoal?
É exactamente para quando este tipo de
circunstâncias acontecem que a Mudança foi inventada. Certamente que é
muito mais fácil pensar e responsabilizar quem quer que seja pelos
factos. Mas o que é que isso adianta? Quando o faz, sente que,
na realidade, o assunto ficou encerrado? Ora experimente falar com a
emoção que representa o que está a sentir para ouvir com atenção o que
ela tem para lhe dizer!
A escolha é sua, mais uma vez!