É
um exercício que certamente muitos de nós, em circunstâncias normais
fazemos, mas com a rápida alteração de paradigmas dos últimos anos,
muito provavelmente, nos deparamos
mais frequentemente a reflectir sobre o tema.
Para
o efeito irei relatar uma história verídica, à qual tive acesso, e que
penso poder contribuir para que possamos retirar algumas ilações.
Paul
Feldman era licenciado em engenharia agrícola. Decorria o ano de 1962;
este protagonista era bem remunerado e tinha uma vida estável. Durante
os 20 anos que se seguiram,
destacou-se por desempenhar cargos de alta responsabilidade e de ser
reconhecido pela particularidade de presentear os seus colaboradores com bolos, sempre que a
sua equipa abraçava o êxito.
Em
1984, ao reflectir sobre a vida que levava, decidiu deixar o trabalho
que tinha e dedicar-se a tempo inteiro à venda dos já famosos bolos.
Todos acharam que ele tinha
perdido o juízo, mas como teve o apoio total da família, avançou. Para o
efeito, começou a estabelecer contactos com eventuais clientes e
abordou-os com uma proposta simples: de manhã, ia levar os bolos e, a
acompanhá-los, uma pequena cesta onde deveria ser
colocado o dinheiro referente ao consumo. Antes do almoço regressaria
para levantar as sobras e o dinheiro.
Desde
o início fez questão de recolher rigorosamente os dados relativos ao
negócio. Pagavam? Não pagavam? Dependeria do tipo de empresa? Em que
circunstâncias é que as
pessoas actuavam de uma ou outra forma? Assumiu o compromisso pessoal
de que interviria caso o rácio de pagamento se situasse abaixo dos 80%.
Fá-lo-ia através de um bilhete em que chamava a atenção dos utilizadores
do serviço, questionando sobre se achavam
bem o que se estava a passar e que tipo de actuação teriam se os seus filhos viessem a ter aquele tipo de comportamento!
Quase
logo no princípio do processo teve de alterar o repositório do dinheiro
de uma cesta aberta para uma caixa de madeira com uma ranhura. Na
primeira opção o dinheiro
desaparecia frequentemente.
Ao
longo do tempo e durante um período de quase 20 anos, Paul assistiu a
um declínio lento da taxa global de pagamento. Por volta do ano de 2001
esta situava-se nos 87%.
Porém, após os ataques do 11 de Setembro nos EUA (2001) a taxa subiu
para os 90% e aí se manteve. Notou que aquele triste episódio tinha tido reflexos nos comportamentos.
Particularidades:
os escritórios pequenos (mais ou menos 10 pessoas) pagavam melhor do
que os escritórios grandes (mais ou menos 100 pessoas); o bom tempo
induzia as pessoas
a pagar ao contrário do mau tempo; genericamente, nas épocas festivas a
taxa de pagamento baixava; o dono do negócio concluiu que os
escritórios onde o ambiente profissional era favorável, as pessoas
tendiam a ser mais cumpridoras; também acreditava que os
empregados com cargos mais elevados enganavam mais do que os de níveis
mais baixos depois de analisar a distribuição em andares de escritórios
que permitiam este tipo de escrutínio.
Sendo que esta pequena história nos remete para a possibilidade de a confiança nos outros poder ser mensurável, em função das circunstâncias, lanço-lhe um desafio. Qual será a taxa percentual relativa à sua auto-confiança?