Cooperar. Operar conjuntamente. Em comunidade. Alcançar, com base na operacionalidade, objectivos comuns.
Um estudo espanhol, recente, tratou de avaliar as
atitudes de cooperação das pessoas em consonância com as diferentes
fachas etárias. Quando comparados com outros animais sociais, o ser
humano é, genericamente, excepcionalmente cooperante.
Deduziu esta amostragem uma particularidade: as pessoas mais idosas são
mais cooperantes que os pré-adolescentes e adolescentes. Vejamos!
Todos nós nos relacionamos para daí retirarmos
alguma vantagem. A maior parte das vezes, temos até tendência a negá-lo!
Há um motivo que nos impele para a expectativa do benefício comum,
apesar de em muitos casos estarmos perante pessoas
com quem não nos relacionamos habitualmente. Atentemos em 2
experiências diferentes nas suas características.
A 1ª decorreu numa feira de jogos em que pouco mais
de centena e meia de voluntários entre os 10 e os 87 anos foram
distribuídos em função da idade. Os participantes, em grupos de 2
elementos, teriam, ao longo de 25 etapas de duração do
jogo, de decidir se cooperavam ou não em determinada situação. Quando
ambos cooperavam, os 2 jogadores recebiam um certo número de pontos;
quando só um cooperava e o outro não, o 1º recebia menos que o 2º (é
verdade, o cooperante era penalizado!); quando nenhum
cooperava não havia pontos para ninguém. No final os pontos eram
traduzidos em dinheiro e os voluntários pagos, sendo que eram os pais
dos concorrentes menores que recebiam as recompensas. Os investigadores
constataram que o comportamento dos mais novos era
muito mais imprevisível do que os grupos etários mais idosos e que a
sua decisão de cooperar, para além de mais volátil também era pautada
por um maior condicionamento, ou seja, reagiam de acordo com as acções
alheias, em vez de terem em consideração as próprias
acções passadas. Foi também evidenciado o facto de os voluntários com
mais de 65 anos serem mais propensos a cooperar. Em função destes dados
os cientistas realçaram o facto de poder ser benéfico para a sociedade,
para as empresas e, consequentemente, para
o país considerar os grupos etários mais altos como exemplo de
estratégias alternativas de cooperação e da obtenção de resultados mais
satisfatórios.
A 2ª experiência decorreu numa escola com meia
centena de crianças com idades compreendidas entre os 12 e 13 anos.
Estas foram mais cooperativas do que as anteriores mas a instabilidade
comportamental permaneceu.
Parece assim ficar a ideia que há uma componente
evolutiva e cultural ao longo do ciclo da vida e que a tendência para
colaborar pode ser aprendida e apreendida. Esta mesma propensão é reconhecida como
inata em idades mais prematuras bem como fonte
de desenvolvimento em idades já para além das fases adolescentes. No
entanto, pode ser relevante e até interessante, haver a sensibilidade
para despertar nas gerações mais jovens o encanto da empatia, por
oposição à antipatia, e do altruísmo como forma de
cooperação inter geracional. Parece por isto ser recomendável que, nas
diversas estruturas societárias, não haja a tendência e/ou a tentação de
discriminar sectores etários como mais ou menos capazes. Todos terão a
capacidade de gerar mais-valias em função
das suas experiências e competências. Há um desenvolvimento hierárquico
que, com base no exemplo, deve ser respeitado e compreendido como fonte
catalisadora de bem-estar.
A cooperação é
fundamental no trabalho de equipa, na comunicação, na aprendizagem, na
escola, na família, nas inter relações, no ouvir atentamente, na
resolução de conflitos...
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