E
se, de repente, se apercebesse que a história que lhe contam há 6 anos,
sobre a crise, era inventada? Fazia parte de um argumento engendrado
por uma série de senhores
e senhoras que nos tinham manipulado!
Um
filme tem vários intervenientes. Entre outros e sem desprimor dos não
mencionados, porque todos têm um papel fundamental, temos notícia do
produtor, do realizador,
do guionista e…dos actores. Estes, são aqueles que, o público em geral,
mais responsabiliza pelo êxito ou inêxito da obra. É-me mais familiar
ouvir que alguém vai ao cinema porque “entra” um determinado
actor/actriz do que haver referência a certo realizador
e menos ainda sobre a categoria do produtor. No entanto, o resultado
final, tendo a colaboração de todos os intervenientes na trama, encerra
uma significativa quota-parte do trabalho do realizador. É ele que,
afinal, dirige!
Utilizando
esta metáfora, desafio-vos a reflectir sobre o pensamento de Sócrates e
divulgado pelo seu discípulo Platão, já lá vão cerca de 2.500 anos:
"Assim
como seria ridículo chamar o filho do nosso alfaiate ou do nosso
sapateiro, para que nos fizessem um
fato ou umas botas, não tendo eles aprendido o ofício, assim também
seria ridículo consentir ou admitir no governo da República os filhos
daqueles varões, que governaram com acerto ou prudência, não tendo eles a
mesma capacidade dos pais."
Este excerto levou-me sobre o que pode significar a palavra
democracia. Sendo que as alterações conceptuais alteram com o tempo, a sua origem etimológica reside nos termos gregos
dèmos (povo, população) + kratos
(poder), ou seja, demokratía
ou “governo do povo”.
Mas,
os recentes desenvolvimentos sociais, políticos e económicos nacionais e
internacionais logo me transportaram para outra perspectiva. Decidi,
então, averiguar uma
palavra prima da anterior: demagogia. Desta forma, a primeira componente
dèmos, mantém-se, mas adiciona-se a expressão
agògos (liderança) que, na
Grécia antiga bem como na Roma imperial, se referia ao orador que
falava e representava as pessoas desfavorecidas. Já à época as
pretensões altruístas rapidamente se esfumavam!
Acabamos
por compreender a apreciação de Sócrates quando constatamos que os
demagogos gregos defendiam as classes mais pobres fazendo uso de
artifícios apelativos, alegando
o benefício das suas próprias acções na defesa dos direitos da maioria.
Claro que este era, muito normalmente, o papel da oposição face à
aristocracia conjuntural.
Quo vadis!
Enquanto
sociedade interiorizámos e mantivemos muitos “tiques” dos conceitos
tribais. Quase sem pestanejar, aceitamos como bom aquilo que os outros
nos concedem e/ou por
nós decidem. E muitas vezes sem equacionarmos se os desejos e
interesses alheios coincidem com os nossos e têm alguma, mínima que
seja, semelhança. É daí que, quando nos perguntam “como estás?”, muito
portuguesmente respondemos “vou andando!”.
A
aprendizagem de que o bem-estar é algo que valerá somente a pena se se
estender ao colectivo para além do individual; a percepção da
dificuldade que a generalidade das
pessoas têm em aceitar a opinião (não me refiro à acção) dos outros
como tão válida quanto a sua; o modo como se evidenciam mais facilmente
actos de agressividade e até violência como forma de resolução de
conflitos em vez de propagação de comportamentos promotores
do respeito e da consideração, podem indiciar alguns desequilíbrios
entre o verdadeiro eu e aquele que, cada um de nós, gosta de projectar.
Esta distância pode ser tão mais sentida quanto maior for o distanciamento entre o que somos e o que aparentamos ser.
Afinal de contas estamos ou não a tentar viver numa nova ordem globalizante?
Talvez
à laia de presságio foi em 1948 que foi adoptada pela ONU a Declaração
Universal dos Direitos Humanos. Objectivo: tal como o nome prenuncia,
salvaguardar os direitos
básicos dos seres humanos. Isto aconteceu em 1948. Em 2014, nem um só
dos seus maiores princípios é aplicado na sua totalidade!
A quem compete zelar pelos Direitos Humanos? Já Arthur Schopenhauer nos ensinou: “A
ousadia é, depois da prudência, uma condição especial da nossa felicidade”.
Fica
a sensação de as pessoas se conformarem em vez de se questionarem.
Tente adoptar o poder do espelho e acolher os seus medos através da
sabedoria interior que está
disponível em todos nós! A natureza do olhar consiste, somente, em ver o que está
no exterior.
Aproveito a oportunidade para dar lugar a um, entre muitos, extraordinário texto de Eça de Queirós em 1845: “Diz-se
geralmente que, em Portugal, o público tem ideia de que o Governo deve
fazer tudo, pensar em tudo, iniciar tudo: tira-se daqui a conclusão que
somos um povo sem poderes iniciadores, bons para ser tutelados, indignos
de uma larga liberdade, e inaptos para a
independência. A nossa pobreza relativa é atribuída a este hábito
político e social de depender para tudo do Governo, e de volver
constantemente as mãos e os olhos para ele como para uma Providência
sempre presente.”
in “Citações e Pensamentos”
O
jogo está a ser jogado, quer queiramos, quer não. Sente que a sua dimensão humana, enquanto indivíduo, está em harmonia se só alguns sectores do seu mundo
estiverem equilibrados?
Um saudável, até breve
J