O caboz é um peixe que vive em águas pouco profundas. Impelido pela tendência
para a sobrevivência, durante a maré baixa, vai saltando, com enorme precisão, de
poça em poça conseguindo sobrepor-se às dificuldades criadas pelas pedras e rochas
e superando-se nas porções secas na procura do recanto que possibilite a sua
continuidade no planeta Terra. Como consegue tal proeza? Como se inteira da
localização das poças entre as quais saltita e onde estão os pequenos espaços
secos que medeiam os charcos se não os vê?
Durante a maré-alta vai vagueando por esses mesmos espaços. É este seu
meio ambiente que vai assimilando e interiorizando como o “seu”
mundo e que lhe irá servir de mapa.
Inconscientemente, aquando da maré baixa utiliza esta informação como
bóia de salvação e arrisca sobre que saliências estão secas e que depressões
estão cheias de água.
Serve esta analogia para retratar a maior parte dos comportamentos
humanos. Independentemente da herança genética que a todos toca, são-nos
transmitidas muitas metodologias que calibram os nossos temperamentos e
atitudes futuras. Em muitos casos, acontece que, mais tarde e numa fase mais
madura da existência, nos apercebemos que são condicionantes que atravessaram
gerações e que até nos parecem contagiosas.
Isto a propósito de esclarecer ao que se propõe a actividade de
Coaching. Sendo importante a palavra através da qual se associa uma determinada
actividade para que haja uma mais rápida identificação da mesma, não me parece
ser de relevância fulcral esta ou qualquer outra nomenclatura, mas antes os
resultados que da sua abrangência e transversalidade podem alcançar.
Nas mais diversas fases da vida nos deparamos com diferentes contextos
e acontecimentos. Há sempre uma relação causa/efeito em função das condições
individuais e externas. Apesar de, em muitos casos, termos a sensação de que já
passámos por “isto”, tal não é possível. As já referidas condições,
internas ou externas, não se repetem. Ficamos, ou melhor, mantemos essa crença
por uma questão de facilidade de resolução de um eventual problema. É mais
cómodo! Não dá tanto trabalho! Quantas e quantas vezes, ouvimos “onde é
que já ouvi/vi isto?”
Sempre que algo de novo acontece a nossa atenção é desperta, tal como a
de um bebé. Mas este cenário só se torna uma experiência realmente vivida, se
estivermos presentes. Só conhecerei o que os meus sentidos me dizem de uma determinada
paisagem, se a observar, se cheirar as flores, se tocar nos elementos que a
compõem. Se alguém me a descrever, o exercício não tem as mesmas repercussões.
A relação causa/efeito transforma-se e, como tal, os resultados são diferentes.
É por isso fundamental no Coaching que o coachee (cliente) esteja
disposto e receptivo a mudar os padrões comportamentais. Nesta vertente parece
ser também apropriado evidenciar as diferentes pretensões entre o Coaching e quaisquer
outras iniciativas de cariz aproximado e/ou complementar.