Imagine-se, por momentos, na pele de um
chef. E que é grego,
estudou em Itália e decidiu viver em Portugal. Questões culturais à
parte, é um autêntico banho de vivência gastronómica do sul da Europa.
Mas perante uma mescla tão impregnada de vida em países
“intervencionados” ou quase que contribuíram para a sua herança genética e
experiência existencial, onde descobrirá este
chef qualquer oportunidade
profissional? É que acabei de ler uma notícia (pelo menos mediático é)
sobre um senhor de origem grega, Akis Konstantinidis, que decidiu pegar na tradição e qualidade
conserveira portuguesa e fazer dela um produto gourmet
através da criação de um menu
específico. Há que tempo já não me dedicava ao francês!
Coloque-se
na pele deste personagem. Tem de contar com os seus talentos e utilizar
os seus recursos pessoais para formar uma verdadeira equipa (que, por
exemplo, pode
ser a sua família) na elaboração das receitas (que, por exemplo, pode
estar relacionado com a apreciação das atitudes individuais e
colectivas).
Assim,
é alguém que, no exercício das suas funções, terá de aperceber-se quais
os seus pontos fortes e saber delegar o que entende serem as suas
limitações, mas também
escolher uma equipa equilibrada e competente. Neste intrincado
caleidoscópio de cores, sabores, cheiros, gostos que é constituído pela
selecção de produtos que merecem a sua preferência, há que procurar a
harmonia entre o “saber fazer” e os recursos disponíveis
para servir quem esteja interessado nas suas prestações. E que
complicado deve ser agradar a gregos e troianos!
E que semelhanças há entre este cenário imaginário, onde o
chef, que pode muito bem
ser você, tem e deve recorrer às suas valências e tirar partido da sua
criatividade e capacidade de gestão dos recursos que tem ao seu dispor, e
a nossa vida profissional e pessoal quotidiana?
Ou seja, pode cada um de nós ser o gestor ou o líder que, por vezes,
reconhecemos nos outros?
Claro que sim, a questão é querer e, para tal, é preciso acreditar. Talvez importe esclarecer duas pequenas/grandes questões:
- Qual a diferença entre um gestor e um líder?
- O que se obtém se nos ficarmos pelo “querer” e pelo “acreditar”?
Sobre
a primeira importa esclarecer que o gestor, pretensamente, optimiza a
utilização de recursos, o líder deve, consensualmente, também
influenciar pessoas. Sem os outros
não vamos a lado nenhum; já sobre a segunda, a acção revela-se
fundamental para alcançar objectivos.
Apesar
de se complementarem, não é aconselhável misturar os valores
individuais que são referências únicas na orientação dos propósitos
pessoais e as capacidades e interesses
colectivos que devemos ter sempre presentes como bússola na
apresentação das performances de equipa. Por isso, devemos saber o que
queremos, pois só assim é viável compreender a nossa cooperação para
que, conjugada com os esforços e determinação alheias, possamos
atingir os desejos do todo.
Por
isso lhe proponho, seja o seu próprio líder! Enquanto humanos e, numa
primeira instância, por vezes esquecemo-nos de nós próprios e, noutras
ocasiões, de que somos
seres eminentemente sociais. Parece-me inequívoco que, para além de
manter uma liderança com o exterior, é também nuclear aprimorar uma
relação salutar connosco mesmos. Não, não! Não creiam naquela ideia de
que só aos outros é que acontece. Há que estar atento
e desperto para qualquer eventualidade. É por isso que, algumas vezes,
se faz eco de que “homem prevenido vale por dois!”. Vamos então tentar
procurar a harmonia pessoal e o equilíbrio relacional com os outros.
Somos detentores de
4 energias diferenciadas, mas complementares e integrativas: física, mental, emocional e espiritual.
Todas
se influenciam e espelham a forma como interagimos com o mundo
exterior, através dos nossos cinco sentidos, bem como transmite a nossa
relação intrapessoal através
dos pensamentos, imaginação, neurónios. É por isso que, após um
desgaste inusitado de energia, sentimos uma necessidade premente de
reposição da mesma. É assim quando nos confrontamos com a resolução de
problemas, tomadas de decisões ou após uma situação que
requereu um controlo emocional. Os índices de exaustão, ao serem
reconhecidos, devem supor um baixar o ritmo e uma consciencialização de
que é nefasto insistir ou tentar manter os níveis de eficácia, pois
estes reduzem de forma significativa.
Daqui decorre que termos
respeito por nós próprios também é importante para conseguirmos manter níveis satisfatórios de bem-estar. E o que é isto de respeito? Respicere
(latim – olhar para trás) está na sua génese.
Alicerçados nesta base, devemos olhar-nos ao espelho e observar,
atentamente, o que vemos. Aquilo que gostamos de ver nesse mesmo reflexo
é o que nos deve guiar na relação que mantemos com os outros;
o que não nos agrada de sobremaneira, deverá ser o ponto de partida
para uma
mudança comportamental que nos
permita alcançar a harmonia pessoal e, consequentemente, com quem nos
rodeia. No fim de contas, contagiar alterando atitudes e mobilizando
aqueles com quem trabalhamos ou vivemos, tornando-nos
uma referência ou um modelo de comportamentos positivos.
A adicionar a este rol de condicionantes há que assumir
responsabilidade pelos nossos actos. Responsabilidade é a
resposta +
habilidade que temos ao dispor para de uma forma competente conseguirmos corresponder aos desafios pessoais e profissionais.
Como de “pão para a boca” hoje é claro que a
relações inter sociais,
para além de serem reconhecidas como um factor básico de sã
sobrevivência, são determinantes no sucesso e no bem-estar do indivíduo.
Por
último, mas não por ser menos importante, mas antes para não alongar
mais o texto, é fundamental “calçar os sapatos dos outros”, ou seja,
colocarmo-nos no seu lugar. Sem
conclusões antecipadas e sem processos críticos de vidência, utilizar
toda a nossa capacidade de audição para com quem nos rodeia.
Depois diga-me qual foi o
feed back depois de utilizar estes ingredientes na sua receita! Até breve.
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