Num recente artigo de jornal, li uma referência a
uma mulher que, no papel de esposa e enquanto participante num seminário
para casais, respondeu à pergunta “O seu marido fá-la feliz?” desta
forma (resposta parcial, dada em jeito expressivo
e inquieto): “O meu marido nunca me fez feliz e não me faz feliz! Eu
sou feliz e isso não depende dele e sim de mim”.
Desejamos viver de satisfações momentâneas e
sofrimento contínuo ou de prazeres continuados e dores momentâneas?
Genericamente, o nosso bem-estar está interligado ao prazer e,
consequentemente, aos motivos que escolhemos para trilhar o
caminho que se nos afigura mais coerente com aquilo que, na realidade
somos. As diferenças entre aquilo que, na realidade, somos, o que os
outros nos dizem sermos e aquilo que desejaríamos ser, remete-nos para
um intrincado jogo de imagens e sombras. Contudo,
mesmo percorrendo os atalhos pelos quais nos entretemos a deambular,
uma coisa é certa. É escusado tentarmos fugir daquilo que na realidade
somos, pois nós próprios andaremos sempre na nossa companhia!
Mas, afinal, tal como a mencionada esposa anunciou a
quem a quisesse ouvir, como saber das nossas Motivações? A construção
da própria palavra nos ajuda. MOTIVO + ACÇÃO. Quais são os seus Motivos
para fazer aquilo que faz? Há 2 tipos de
motivadores: positivos e negativos. Os primeiros conduzem-nos ao
desejo, às situações de prazer; os segundos à dor e ao sofrimento. De
realçar que, de nada adianta, procurarmos noutro lugar o que julgamos
não encontrar em nós.
Foi com base neste pressuposto que A. Maslow criou o
seu modelo piramidal, no qual evidencia a famosa “Hierarquia das
Necessidades”. Os degraus inferiores devem ser observados e contemplados
antes dos seus superiores, sob pena de a desejada
harmonia não ser alcançada. Por exemplo, o equilíbrio “social” não
acontecerá se os padrões de “segurança” (regras, lei) não forem uma
realidade. Esta realidade tem impacto no colectivo, mas antes é o
indivíduo que sente esse desajustamento e que o repercute
na sociedade. Contudo, deve-se realçar que suprir o que é básico não é
suficiente, mas tão só convenientemente aconselhável.
Aqui chegados, todos desejamos enveredar pelo
encontro com os motivadores positivos. Saber o que se quer, mas também o
que não se quer, pode ajudar.
Por outro lado, também nos podemos deparar, de vez
em quando, com os motivadores negativos que se subdividem em passivos e
activos. Os passivos são aqueles que nos impedem de sentir um motivador
positivo; os activos acontecem quando algo
gera desconforto ou desagrado. Por exemplo, a remuneração que recebemos
até pode ser interessante, mas se não há significado no que fazemos ou
não somos reconhecidos, esse benefício dilui-se; ou quando alguém tem de
lidar frequentemente com a incerteza profissional,
pode pretender ambicionar constância pessoal. Os motivadores negativos
têm origem na escassez ou ausência dos motivadores positivos. Caso a sua
manutenção subsista por inacção ou desinteresse, o mais certo é
alcançarmos o conformismo da estagnação e, com ela,
a desmotivação.
Imaginemos que temos 2 contentores. Um que queremos
encher de prazer; outro que desejamos, a todo o custo, sentir esvaziado
de sofrimento. Capitalize o 1º e descapitalize o 2º. Mas de quê? Qual a
sua prioridade: pertença, mudança, progresso,
interacção, estímulo, condições físicas, independência, reconhecimento,
contribuição, generosidade, riqueza, prosperidade? A escolha é sua, tal
como a esposa que, no início do texto, chamou a si essa
responsabilidade.
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