No decorrer destes últimos anos e do acentuar deste
vertiginoso caos global, já não há muita margem para dúvidas que os paradigmas
mudaram, estão a alterar profundamente os hábitos quotidianos e irão
transformar de tal forma os estereótipos pessoais, familiares e profissionais. Faz
parte de qualquer processo que, por decisão ou obrigação, nos retira da zona de
conforto. Previsões “nem no fim do jogo!”. No entanto, talvez pondo-se a jeito
para ver quem acerta, à semelhança do que acontece com a Maya, não raro é o dia
em que um comentador, um analista, um ideólogo, um pensador se atreve a dar
como facto consumado o que devemos ter como mais uma opinião. De tal forma que
uma análise quase pode ser tida como absoluta concretização.
Para ilustrar, uma pequena história: o Sr. Smith já tinha tentado vender pão a um certo hotel em
NY. Todas as semanas visitava, sem êxito, o gerente do hotel. Isto durante 4 anos.
Frequentava os mesmos eventos que o gerente. Alugou um quarto no hotel e ficou
lá a viver. Tentou estabelecer contactos com os seus amigos. Enfim, realizou as
mais variadas iniciativas com um único objectivo: firmar negócio.
Como
que por acaso o Sr. Smith descobriu que o gerente pertencia a um grupo de executivos
hoteleiros chamados HGA. Não só era membro desse grupo como também se tinha transformado
presidente da organização. Era a sua verdadeira paixão. Logo no primeiro
encontro após ter tido conhecimento destes novos dados e de realmente ter
procurado saber algo sobre os interesses do seu interlocutor, o Sr. Smith começou
a falar do HGA. Foi quase como que cilindrado pelo tom vibrante e entusiasmado
do parceiro de conversa. De tal forma decorreu o encontro que o próprio Sr.
Smith saiu do escritório do gerente com uma proposta para se tornar membro da
HGA, sem que tivesse havido qualquer referência ao negócio do pão. Alguns dias
depois, um funcionário do hotel ligou ao Sr. Smith: “não sei o que fez ao meu
patrão, mas ele não fala noutra coisa que não de si!”. A partir desse dia o hotel passou a ser o
principal cliente do Sr. Smith.
Vem isto a propósito da designação empreendedorismo que tão em voga está, como se tal conceito só agora tivesse
sido criado. Tendo origem na palavra de origem francesa entrepreneur, acaba por qualificar alguém ou alguma organização que
utiliza as capacidades criativas na geração de valor acrescentado e
diferenciado. Não se inclui no processo a dinâmica de capitalização ou
financiamento.
Para
além dos
exemplos que diariamente pululam na experiência quotidiana relacionados
com o
aproveitamento da designação, talvez pelo chamariz que a mesma poderá
proporcionar, reverte a pequena história que relato, a importância que,
nas
relações humanas pessoais ou profissionais, cada um de nós dá ao facto
de ser reconhecido. É fulcral que gostem de nós, mas, paralelamente,
também temos de nos interessar
pelos outros. É desta maneira que a compensação se pode tornar dupla, ou
seja,
ao valorizar o outro, acabo por emitir uma boa referência individual. A
maior parte das vezes nas mais variadas circunstâncias não tem de haver
um vencedor e um vencido. Um jogo não é vida ou morte!
Será que as "crises"
surgem quando nos interessamos mais por nós próprios e pouco pelo
outros; decorrem de realçarmos mais o auto-elogio e uma prontidão sagaz
para críticas alheias?
Atentemos nos exemplos das crianças. Há maior exemplo de empreendedorismo? Façamos um pequeno exercício de recordações.
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